sábado, 29 de dezembro de 2007

Na madrugada matei umas palavras


Os dias se estendem estranhos, chove e molha tudo, até a alma. Depois o sol seca os resquícios de liberdade que a chuva proporciona, uma das coisas que aprendi e apesar de tudo jamais vou esquecer. Afinal o que se grava no espírito não se apaga, nunca, e ao som de Billy Holiday sinto aquela frustração tão doida, ela pelo menos cantava, e como cantava... Quem não sonha ao ouvi-la a falar de amores doces ou de amores tão sofridos e doloridos. Eu me contento em somente escrever, matar palavras, porque assim que vejo todas as vezes que sento frente ao computador e escrevo, solto minhas idéias, todas, sem concordâncias, poucas virgulas e em seguida mato-as até virar o que tiver de virar.
Entre uma palavra e outra ouço algo, vindo do meu irmão, tão sincero e bonito que não deveria ser dito de forma tão leviana como as vezes digo. Tenho esquecido o sentido verdadeiro delas, as tais palavras. Que elas são ditas de forma travada, embargada, vi isso e me deu muito medo, cheias de força e transforma tudo. Por isso descobri que sou egoísta, digo pouco, falo muito, mas não digo nada de nada. E aquele muro permanece lá, dentro de mim e fora também...
Ainda Billy Holiday canta com sua voz de veludo, embalando minhas melancolias e como chuva me dando aqueles minutos de rápida liberdade, ao som de Good Morninng Heartache e Dream a Little Dream of Me com Louis Armstrong madrugada adentro sinto-me só, tudo vai acontecer a partir de agora, a vida vai mudar definitivamente, como eu deveria ter mudado a muito...
Hoje parece um bom ultimo dia...

Agora conheço o que me governa.


http://www.youtube.com/watch?v=XQ3PVm6YbmU

Recomendo:
Billy Hollyday
Louis Armstrong
Nina Simone
Aretha Franklin
Ella Fitzgerald
Ray Charles

Seus passos largos


Passos largos em destino selado
Conjurado pelas luas
Nascido só, vindo de ninguém
Seus passos cortam o asfalto, a vida
Não há a quem olhar
Sempre fixo em nada
Sem alma o matador de poesias
Procura sua vitima
Em meio a noite
Diante das estrelas, testemunhas
Seus passos largos, moribundo resistente
O apanhador de versos
Não contém a contento
De ser o carrasco eleito
A matar somente o que ele não pode ver...

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Respostas


Fui e ainda sou um problema, de certa forma hoje olho com mais clareza minhas limitações em ser uma pessoa realmente boa. Daí vem o silêncio, meu. Através dele paro e tento ouvir a calma, senti-la, já que não faz parte de mim e preciso de alguma formar buscá-la, até encontrar um caminho de certezas que me levem a silenciar quando devo.
Porém o teu silêncio, este sim, rouba toda a minha serenidade a pouca que possuo. Por isso vem o motivo de observar-te e perceber teus gestos olhares, olhar cansado como diz Machado, “olhar de ressaca”, ouvir tuas conversas e me comprazer com os causos que conta. Falar de tuas aspirações e inspirações, isso de forma reservada porque não gosta de falar muito de você. Ver-te em momentâneo silêncio, calado, taciturno em meio à cidade toda barulhenta, ou sem graça, desarmado com a situação, sem argumentos com apenas um sorriso pra rebater. Tua aparente displicência com sigo mesmo e com a vida, teu olhar a quem passa como se levasse um pouquinho de ti, as mãos inquietas, que oras gesticulam frenéticas no ar, oras pousam e procuram não ceder. Ver você falar, ou ler as palavras que te absorvem e te levam pra algum lugar fora desse mundo. Quando você fica misterioso, respira fundo e de repente voltar à realidade, ou mesmo respirar fundo de pura tranqüilidade. Quando me abraça feito um menininho querendo colo depois como um homem feito aperta o abraço, e também quando pelas ruas cantarola uma musica qualquer como se ninguém mais ouvisse ou percebesse. Quando me tira do sério e se diverte explicitamente com isso, e assim é quando teima em dizer que não é um teimoso, ou quando afirma que é calmo o suficiente pra lidar comigo.
São os detalhes que percebo, que me fisgam todos os momentos. Confesso que não compreendi por completo e pergunto-me se vou conseguir algum dia fazê-lo, mas prefiro todas estas facetas, formas e momentos a teu silêncio, porque este... Ah... este não posso ver, nem tocar, somente senti-lo. E é pesado coração, e é pesado demais pra mim.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Palavras secas


Eu era criança em algum lugar dessa vida. De alguma forma tirei todas as minhas vaidades ainda menina e cumpriu-se o mito da lealdade. Hoje perdi todo aquele frescor dos tempos idos de lugar nenhum, no meu mundinho de sonhos e fantasias, procuro eternamente voltar a decidir-me pelo sim e não pelo não. Longe ou perto o sopro cruel daquele, meu algoz, esta sempre presente, minha carne chama por ele incessantemente, querendo ter o que a muito foi perdido. E sem saber que minha própria perdição sou eu mesma, completa e com culpa por todos os lados, eu sou o problema. Eu sou a imagem e semelhança do problema.



Quadro de Mario Andriole intitulado Sertão.

domingo, 16 de dezembro de 2007

Silêncio

Sliêncio falou...
Palavras, frases e notas.
Não sei como ouvir o silêncio
Não entendo mais o que digo

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Não há títulos.


Chorei...

Meus pés colados no chão.

Dor, dúvida e medo, tudo misturado.

Então chorei

Choveu

Choveu em meu rosto.

Molhou minha alma com sal.

Com os pés ainda colados no chão.

Choveu em mim...

Na alma tão jovem...

Chorei por acreditar...

Chorei por amar...

Chorei por ser eu

E choveu em meus pés,

Colados no chão.

Assim por minutos sem fim.


***


O coração é um pássaro.

Um menino com asas.

Um menino.

"Minha asa quebrou..." - Diz o menino.

"E o tempo curou?" - Pergunto eu.

"Ele demora, te adora e devora..." - Responde ele pra mim.

"E o que faço?" - Pergunto novamente.

"Criança. Espera e desperta..." - Responde o menino.


***


A mentira doí...

A verdade mais ainda...

sábado, 8 de dezembro de 2007

Fogo Morto a todo vapor



Lá vem meu fogo morto
Com uma brasa que detona
Arromba o coração
Sem ao menos pedi perdão

Lá vem meu fogo morto
Luzindo a todo vapor
Morto está o tempo
Que caiu no esquecimento

E aí vem meu fogo morto
Na perdição do teu corpo
Queimando até a alma
A minha menina incauta

Então vem o meu desejo
Desejoso de ser o primeiro
Na bela incursão do amor
Arrebentar-se todo em dor

Lá vem meu fogo morto
Mais vivo que o torpor
Cauterizando as piedades
Junto meus sonhos de maldades

sábado, 1 de dezembro de 2007

Fique comigo

Eu acordei essa manhã
E caminhei pelo mar
Eu fiquei planta no grande gramado
Apenas olhando para o mar
Contando todas as minhas bênçãos

E tudo que você me deu
Por que isso é complicado?
Por que você não pode estar comigo?
Fique comigo

Você não ficará?
Fique comigo
Você não ficará comigo?
Fique comigo
Fique comigo
Fique comigo
Fique comigo
Fique comigo

Eu apenas gosto de esperar
Por todas as memórias mágicas
Eu temo esse lugar sem você
Não deixe, Eu estou implorando, por favor

Fugindo das memórias
Fugindo do ano
Fugindo das memórias
Fugindo das lágrimas
Fique comigo

Você não ficará?
Fique comigo
Você não ficará comigo?
Fique comigo
Fique comigo
Fique comigo
Fique comigo
Fique comigo

Dolores O'riordan