sábado, 26 de abril de 2008

Borboleta

Composição: Alceu Valença

Ela é uma borboleta

Pequenina e feiticeira

Anda no meio da noite

Procurando quem lhe queira

Minha camisa

Foi manchada de vermelho

Tem um beijo desbotado

De batom ou de carmim

E a feiticeira

Tem a boca encarnada

E um beijo e uma dentada

Sempre guardados pra mim

Eu procuro a borboleta

Feiticeira, descarada

Pelo batom na camisa

Pela marca da dentada


*Posso ser sua borboleta também?

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Assovio metálico

Andava por sobre a terra vermelhar
Ouvia assovio metálico que guia meus passos
Nos compassos sem proporção

Olhava os galhos retorcidos de ninguém
Toquei o ar na esperança de chegar
A um lugar mais além, na vida de outrem.

Cantava sem tempo, o ritmo compadeceu-se
Via as passadas restantes ditarem o andar
Sentia o ar querer me abraçar

Consumado, sobre a terra nos meus pés
Preguei o dito dos santos
E dei-me ao demônios

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Talk Tonight

Oasis

Sittin' on my own
Chewin' on a bone
A thousand million
Miles from home
When Something hit me
Somewhere right between the eyes

Sleepin' on a plane
You know you can't complain
You took your last chance
Once againI landed, stranded
Hardly even knew your name

I wanna talk tonight
Until the mornin' light
'Bout how you saved my life
You and me see how we are
You and me see how we are

All your dreams are made
Of Strawberry lemonade
And you make sure
I eat today
You take me walking
To where you played
When you were young

I'll never say that I
Won't ever make you this
I'll sayI don't know why
I know I'm leavin'But
I'll be back another day

I wanna talk tonight
Until the mornin' light
'Bout how you saved my life
(You saved my life)
I wanna talk tonight
(I wanna talk tonight)
'Bout how you saved my life
(I wanna talk tonight)
'Bout how you saved my life
(I wanna talk tonight)
'Bout how you saved my life
(I wanna talk tonight)
'Bout how you saved my life

I wanna talk tonight

*Para a noite de ontem.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Sonhos...

Abril começou com chuvas, tenho me acostumado a repentina mudança de clima e habituar-me a sentir frio nos meus pés. Mas Abril está tão rápido, é um atropelo de minutos e segundos, de momentos bons e uns não tão assim. Ia esquecendo, o sol surge ultimamente implacável, e a velocidade aumenta, pois as partículas agitam-se, aprendi isso em física. Átomos, cargas, partículas, fragmentos, partes, coisas... Tudo parece tão difícil na normalidade comum desses dias, porém quando a menção de que seu tapete será puxado, faz crer que seus problemas não são assim complicados, pelo menos diante da gravidade de uma outra coisa.
Seria um blá-blá-blá interminável, me descontrolo muito fácil, mas é ai que está o segredo da coisa, da confusão vem à bendita razão. Sou assim, quanto mais complicado é, mais fico atordoada, o que leva racionalizar e tomar uma decisão efetiva. É o que muitos acreditam ser o “funcionar sobre pressão”, no meu caso emocional. Daí vem alguém e fala de sanidade. Esquizofrenia. Psicose coletiva. E o calor faz isso aumentar, mas a chuva vem para aplacar um pouco essa ânsia de loucura. Desconto todos esses maiores e pormenores nas palavras, pobres coitadas, levam surras da minha dislexia e teimosia de escrever a punho, o que há de se fazer? Nada. Ou alguma coisa... E um sorriso lânguido no canto da boca torna-se perceptível, segundo a visão arguta de uns transeuntes que tem uma soma parecida, quantos palmos para medir do pé até a cabeça?
Recordei-me de sonhos, estava dormindo é claro, mas ao mesmo tempo acordada (como pode?). Ouvia musica ao fundo, pessoas sorriam e de repente vi-me sentada em uma cadeira, não conversava, calada, sentada sozinha, com um olhar tão distante – longe mais do que a imaginação pode entender – segurando um copo cheio de vinho com as duas mãos, pousadas no meu colo. Tinha luzes lanternas chinesas, pessoas felizes, mas eu não estava feliz... Depois o sonho mudou, acordava em um quarto branco, limpo, que no canto havia uma penteadeira antiga feita de madeira escura, do lado oposto um quadro de uma menina. Deitada sentia um aroma familiar – perfume – levantava e seguia este cheiro pelos corredores de uma casa, bem iluminada e de piso de madeira, escura como a madeira da penteadeira... Novamente mudou, não estava mais naquela casa, estava sentada em uma pedra, olhando o breu da noite, alguém tocava e eu cantava. Sempre quis cantar, porém acredito que isso não é muito um dom pra mim, ou mesmo é só uma lembrança de uma vida passada. E ontem uma mão segurou a minha enquanto dormia, essa mão com pele envelhecida pelos atropelos do tempo, cheia de calos da lida, neste sonho alguém veio e estendeu a mão, e não fiz-me de rogada, agarrei-a como se fosse a única saída para acordar. E acordei. Olhando pro teto...
A.A.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Resposta

Ele me disse que poderia fazer o que quisesse...

Vou te dizer como chegaste no alto do galho minha pretinha

Foi batendo asas tal qual passarinha

Vou te dizer que não caminha com os pés

Porque pra você é importante estar além do atraves

Vou te dizer dindinha tua falta nos lados de terra de cá

Se eu soubesse dos teus dons teria bem antes me inventado à voar

Quem sabe um dia pretinha com a ajuda do vendo soprando pro norte

Eu teria a sorte de um dia contar com bolsões de ar de olhinhos fechados te beijar...

L.M.

terça-feira, 15 de abril de 2008

arvore

Estou sobre o galho desta arvore.
Observando as cores do dia.
Não sei cantar e nem mesmo voar.
Como parei ali?
Acho que sonhei...

De cima vejo os homens pequenos
Aprecio as grandes composições.
Fecho os olhos e sinto, na pele do meu rosto,
O calor.

Arrasto as minhas mãos pela casca,
Da minha protetora.
Quero ter raízes profundas.
Quero ser alta, com vastos galhos.
Dar frutos e vê-los alimentar
Ou cair, germinar e me acompanhar.

Meu coração bate acelerado.
Como a vida que está ao redor.
Porem sou um apêndice em algo vivo

Não sou pássaro...
Não sou fruto...
Sou só um alguém no galho de uma árvore.
Cheia de pesar, coberta de angustia.

Pousando os olhos nos passantes,
Sem coragem de com os próprios pés,
Voltar ao chão.

Sem aquele peso...
De ser quem sou
E não pedir permissão para o ser.

A.A.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Noite

Pensamentos que advem da sonolência, hoje junto os pedaços de uma noite atras, portanto minhas percepções não estavam alteradas, ou claramente estava mais lucida do que nunca. Partes não aletórias de momentos, e marcantes em todo o trajeto. A noite era translúcida, usei a palavra sem saber se caberia ou não, porque as estrelas eram perceptiveis, porém uma nuvem as fazia reluzir diferente, talvez até não coubesse, ou eu na minha ânsia de exprimir minha serenidade foi a primeira palavra que pensei. Ele concordou, olhava aqueles olhos e os via como verdadeiras janelas, engraçado pois tudo adquiria um tom acolhedor, até aqueles olhos. Lembro de quando por alguns minutos estar sozinha respirar bem fundo, para absorver o mais que pudesse daquele lugar, e depois observando as palavras saindo, pairando por ai na noite pensei em quantos momentos como aquele as estrelas haviam percebido, tantos, mas aquele pertencia a mim e a ele. O que mais havia além dali? Tudo, um mundo inteiro dentro do meu peito, ou canções completas, tocando, mas todas em harmonia com aqueles olhos, ler o que ele dizia, ouvir sua paixão.
A lucidez fez-se no primeiro gole, como no abraço que pegou de vez o que ainda escondia-se nos meandros do meu coração. Não estava triste pelo contrário, era a paz em mim, como algo vivo, uma terceira personagem a observar o sorriso largo que fazia-se na face diante dela. Era a verdadeira poesia, nascida e criada, feito humano com seus defeitos e primazias, tudo reunido naqueles olhos. Perguntei ao autor disso tudo certa hora, ele me respondeu: está na sua frente, o motivo. E o que o tempo quer provar, ou que quer me dar, não sei, mas recebo de bom grado tudo que vier do dono daqueles olhos, com estrelas em noites calmas, areia que cintila, vento tranquilo e frio as testemunhas do que somos.
Os pedaços estão unidos e sempre estiveram...
*Foto da Cachoeira das Orquídeas em Presidente Figueiredo.
A.A.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Poesia

A poesia tem vida.

Possui fala e canto,

Nos cantos a meia luz.

Em copos meio vázios.

Em rua súbitas e perdidas,

Ao sabor da noite,

E dos serenos melancólicos da estação

A poesia me toca, entorta

E adoça meu paladar.

Toda vez que o beijo, o vejo e o cheiro

A poesia tem nome...

Chama-se Coração.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Medida das coisas


Pessoas são sempre pessoas. Menos que isso são apenas pedaços de carne falantes que andam.
A.A.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Tempo por perto.

A despedida é sempre insolita, na verdade uma profusão de pensamentos e sentimentos. Digo porque se tem a vontade de dizer tudo que está guardado e mesmo que fale algo, depois ainda sente que não disse tudo que devia. Tão complicado essa parte da vida, falo pelo que percebi do Coração, foi difícil e disse a ele que aquela madrugada daria bons poemas, rendeu umas palavras:

Um dia ou noite não importa.
Sentir tudo de uma vez a deixar que vá.
Cresca longe e mesmo assim perto de mim.
Divide a mesma morada invisível de poucos.
Permita então uma nota - sou parte e não um todo.
Porém qual pedaço de mim cabe a quem escolhi?
Tudo do fragmento de um alguém.
Que planta suas sementes com o carinho,
E rega com as lágrimas da saudade.

*Amor desculpa se este o post for invasivo.