
Seria um blá-blá-blá interminável, me descontrolo muito fácil, mas é ai que está o segredo da coisa, da confusão vem à bendita razão. Sou assim, quanto mais complicado é, mais fico atordoada, o que leva racionalizar e tomar uma decisão efetiva. É o que muitos acreditam ser o “funcionar sobre pressão”, no meu caso emocional. Daí vem alguém e fala de sanidade. Esquizofrenia. Psicose coletiva. E o calor faz isso aumentar, mas a chuva vem para aplacar um pouco essa ânsia de loucura. Desconto todos esses maiores e pormenores nas palavras, pobres coitadas, levam surras da minha dislexia e teimosia de escrever a punho, o que há de se fazer? Nada. Ou alguma coisa... E um sorriso lânguido no canto da boca torna-se perceptível, segundo a visão arguta de uns transeuntes que tem uma soma parecida, quantos palmos para medir do pé até a cabeça?
Recordei-me de sonhos, estava dormindo é claro, mas ao mesmo tempo acordada (como pode?). Ouvia musica ao fundo, pessoas sorriam e de repente vi-me sentada em uma cadeira, não conversava, calada, sentada sozinha, com um olhar tão distante – longe mais do que a imaginação pode entender – segurando um copo cheio de vinho com as duas mãos, pousadas no meu colo. Tinha luzes lanternas chinesas, pessoas felizes, mas eu não estava feliz... Depois o sonho mudou, acordava em um quarto branco, limpo, que no canto havia uma penteadeira antiga feita de madeira escura, do lado oposto um quadro de uma menina. Deitada sentia um aroma familiar – perfume – levantava e seguia este cheiro pelos corredores de uma casa, bem iluminada e de piso de madeira, escura como a madeira da penteadeira... Novamente mudou, não estava mais naquela casa, estava sentada em uma pedra, olhando o breu da noite, alguém tocava e eu cantava. Sempre quis cantar, porém acredito que isso não é muito um dom pra mim, ou mesmo é só uma lembrança de uma vida passada. E ontem uma mão segurou a minha enquanto dormia, essa mão com pele envelhecida pelos atropelos do tempo, cheia de calos da lida, neste sonho alguém veio e estendeu a mão, e não fiz-me de rogada, agarrei-a como se fosse a única saída para acordar. E acordei. Olhando pro teto...
A.A.
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