Os pensamentos são alheios, são como cachorros raivosos, não se permitem domar facilmente. Sonhos também são assim, também não se permitem controlar, mas surgem quando bem querem e um dia você acorda com cada detalhe de um e no outro não sabe nem se sonhou.
Pensamentos combinados a sonhos são a mistura dos loucos, quando se confundem seus próprios sonhos com seus devaneios da mente consciente e antão pronto! A realidade funde-se numa fantasia que te leva de forma vertiginosa a vagar por ai sem rumo nesse mundo de meu Deus.
Hoje caminhando pelo centro desta cidade calorenta, imaginando mil coisas, descobrindo algumas verdades, sentindo um calor desgraçado e ainda pedindo que, por favor, nada interrompesse o ritmo da minha caminhada sou surpreendida por um individuo pedindo um pouco da minha atenção. Não! Eu não quero te dar a minha rasa atenção! Eu queria muito gritar isso, mas fui tão educada quanto a uma vendedora de loja chick e respondo: Desculpa, não dá. Daí ele desiste de mim e vai fazer a mesma proposta à outra mulher logo atrás de mim, ela nem sequer fala e vai embora, enquanto eu ouvindo e percebendo tudo isso sou obrigada a parar por causa de um sinal vermelho pra pedestres. Paro e o mesmo cara toma uma tática inesperada e lança esta frase: Povo metido a arrogante, depois que ela um furada não sabe por quê... Puxa vida a ouvir aquilo, ficou na ponta da língua: Ei! Vem cá me fura eu não vou sentir nada... Ei! Porém me segurei, minha boca salivou como se estivesse na frente de um prato muito apetitoso, o sinal abriu e fiquei parada olhando o semi-louco destilar todo seu veneno na calçada. Voltei a caminhar pensando nisso, nessa minha vontade que quase expressei, que quase disse com verdade, e senti um medo terrível de estar começando a ficar louca, pode parecer besteira, sim pra você pode parecer besteira, contudo eu queria mesmo dizer aquilo, e imaginei na hora o metal entrando na minha carne e eu sentido só aquele filetinho da dor seca, e me vi sentada no meio fio, um monte de gente ao meu redor e eu sangrando com um sorriso no rosto.
Andando, digerindo tudo isso entendi o porquê eu achar que nada sentiria, porque uma dor maior aplacaria qualquer outra, portanto em conversas sobre sonhos, sobre coisas, veio-me a minha alma certas dores, comecei a crer que o que separa a razão de insanidade e nada mais que um muro de vidro que a qualquer momento posso quebrar e atravessar, parei de novo e senti meu rosto latejar foi no momento em que umas lágrimas desceram, me senti doida e sã ao mesmo tempo, e tudo ficou muito confuso, sentei no meio fio porque minhas pernas bambearam, enxuguei as lágrimas pois as pessoas ao redor começaram a notar, bebi água pra desfazer o nó do choro na minha garganta e me perguntei várias coisas. Olhei minhas mãos que tremiam, olhei pro asfalto, ouvia os ônibus passarem, as outras vozes, no entanto queria estar dentro da água de novo com ele se quisesse, queria estar no seu colo, pois é só ali que não penso em nada, queria estar nem que fosse em silêncio ao seu lado, só pra sentir que estava lá.
Eu a medida de algumas coisas, não possuía medida de nada. E ate recobrar minha força e voltar a andar lembrei-me do meu ultimo sonho, foi um sonho bom, uma coisa que gostaria muito de fazer um dia, fazer café pro homem que amo.
A.A.