sábado, 29 de dezembro de 2007

Na madrugada matei umas palavras


Os dias se estendem estranhos, chove e molha tudo, até a alma. Depois o sol seca os resquícios de liberdade que a chuva proporciona, uma das coisas que aprendi e apesar de tudo jamais vou esquecer. Afinal o que se grava no espírito não se apaga, nunca, e ao som de Billy Holiday sinto aquela frustração tão doida, ela pelo menos cantava, e como cantava... Quem não sonha ao ouvi-la a falar de amores doces ou de amores tão sofridos e doloridos. Eu me contento em somente escrever, matar palavras, porque assim que vejo todas as vezes que sento frente ao computador e escrevo, solto minhas idéias, todas, sem concordâncias, poucas virgulas e em seguida mato-as até virar o que tiver de virar.
Entre uma palavra e outra ouço algo, vindo do meu irmão, tão sincero e bonito que não deveria ser dito de forma tão leviana como as vezes digo. Tenho esquecido o sentido verdadeiro delas, as tais palavras. Que elas são ditas de forma travada, embargada, vi isso e me deu muito medo, cheias de força e transforma tudo. Por isso descobri que sou egoísta, digo pouco, falo muito, mas não digo nada de nada. E aquele muro permanece lá, dentro de mim e fora também...
Ainda Billy Holiday canta com sua voz de veludo, embalando minhas melancolias e como chuva me dando aqueles minutos de rápida liberdade, ao som de Good Morninng Heartache e Dream a Little Dream of Me com Louis Armstrong madrugada adentro sinto-me só, tudo vai acontecer a partir de agora, a vida vai mudar definitivamente, como eu deveria ter mudado a muito...
Hoje parece um bom ultimo dia...

Agora conheço o que me governa.


http://www.youtube.com/watch?v=XQ3PVm6YbmU

Recomendo:
Billy Hollyday
Louis Armstrong
Nina Simone
Aretha Franklin
Ella Fitzgerald
Ray Charles

Seus passos largos


Passos largos em destino selado
Conjurado pelas luas
Nascido só, vindo de ninguém
Seus passos cortam o asfalto, a vida
Não há a quem olhar
Sempre fixo em nada
Sem alma o matador de poesias
Procura sua vitima
Em meio a noite
Diante das estrelas, testemunhas
Seus passos largos, moribundo resistente
O apanhador de versos
Não contém a contento
De ser o carrasco eleito
A matar somente o que ele não pode ver...

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Respostas


Fui e ainda sou um problema, de certa forma hoje olho com mais clareza minhas limitações em ser uma pessoa realmente boa. Daí vem o silêncio, meu. Através dele paro e tento ouvir a calma, senti-la, já que não faz parte de mim e preciso de alguma formar buscá-la, até encontrar um caminho de certezas que me levem a silenciar quando devo.
Porém o teu silêncio, este sim, rouba toda a minha serenidade a pouca que possuo. Por isso vem o motivo de observar-te e perceber teus gestos olhares, olhar cansado como diz Machado, “olhar de ressaca”, ouvir tuas conversas e me comprazer com os causos que conta. Falar de tuas aspirações e inspirações, isso de forma reservada porque não gosta de falar muito de você. Ver-te em momentâneo silêncio, calado, taciturno em meio à cidade toda barulhenta, ou sem graça, desarmado com a situação, sem argumentos com apenas um sorriso pra rebater. Tua aparente displicência com sigo mesmo e com a vida, teu olhar a quem passa como se levasse um pouquinho de ti, as mãos inquietas, que oras gesticulam frenéticas no ar, oras pousam e procuram não ceder. Ver você falar, ou ler as palavras que te absorvem e te levam pra algum lugar fora desse mundo. Quando você fica misterioso, respira fundo e de repente voltar à realidade, ou mesmo respirar fundo de pura tranqüilidade. Quando me abraça feito um menininho querendo colo depois como um homem feito aperta o abraço, e também quando pelas ruas cantarola uma musica qualquer como se ninguém mais ouvisse ou percebesse. Quando me tira do sério e se diverte explicitamente com isso, e assim é quando teima em dizer que não é um teimoso, ou quando afirma que é calmo o suficiente pra lidar comigo.
São os detalhes que percebo, que me fisgam todos os momentos. Confesso que não compreendi por completo e pergunto-me se vou conseguir algum dia fazê-lo, mas prefiro todas estas facetas, formas e momentos a teu silêncio, porque este... Ah... este não posso ver, nem tocar, somente senti-lo. E é pesado coração, e é pesado demais pra mim.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Palavras secas


Eu era criança em algum lugar dessa vida. De alguma forma tirei todas as minhas vaidades ainda menina e cumpriu-se o mito da lealdade. Hoje perdi todo aquele frescor dos tempos idos de lugar nenhum, no meu mundinho de sonhos e fantasias, procuro eternamente voltar a decidir-me pelo sim e não pelo não. Longe ou perto o sopro cruel daquele, meu algoz, esta sempre presente, minha carne chama por ele incessantemente, querendo ter o que a muito foi perdido. E sem saber que minha própria perdição sou eu mesma, completa e com culpa por todos os lados, eu sou o problema. Eu sou a imagem e semelhança do problema.



Quadro de Mario Andriole intitulado Sertão.

domingo, 16 de dezembro de 2007

Silêncio

Sliêncio falou...
Palavras, frases e notas.
Não sei como ouvir o silêncio
Não entendo mais o que digo

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Não há títulos.


Chorei...

Meus pés colados no chão.

Dor, dúvida e medo, tudo misturado.

Então chorei

Choveu

Choveu em meu rosto.

Molhou minha alma com sal.

Com os pés ainda colados no chão.

Choveu em mim...

Na alma tão jovem...

Chorei por acreditar...

Chorei por amar...

Chorei por ser eu

E choveu em meus pés,

Colados no chão.

Assim por minutos sem fim.


***


O coração é um pássaro.

Um menino com asas.

Um menino.

"Minha asa quebrou..." - Diz o menino.

"E o tempo curou?" - Pergunto eu.

"Ele demora, te adora e devora..." - Responde ele pra mim.

"E o que faço?" - Pergunto novamente.

"Criança. Espera e desperta..." - Responde o menino.


***


A mentira doí...

A verdade mais ainda...

sábado, 8 de dezembro de 2007

Fogo Morto a todo vapor



Lá vem meu fogo morto
Com uma brasa que detona
Arromba o coração
Sem ao menos pedi perdão

Lá vem meu fogo morto
Luzindo a todo vapor
Morto está o tempo
Que caiu no esquecimento

E aí vem meu fogo morto
Na perdição do teu corpo
Queimando até a alma
A minha menina incauta

Então vem o meu desejo
Desejoso de ser o primeiro
Na bela incursão do amor
Arrebentar-se todo em dor

Lá vem meu fogo morto
Mais vivo que o torpor
Cauterizando as piedades
Junto meus sonhos de maldades

sábado, 1 de dezembro de 2007

Fique comigo

Eu acordei essa manhã
E caminhei pelo mar
Eu fiquei planta no grande gramado
Apenas olhando para o mar
Contando todas as minhas bênçãos

E tudo que você me deu
Por que isso é complicado?
Por que você não pode estar comigo?
Fique comigo

Você não ficará?
Fique comigo
Você não ficará comigo?
Fique comigo
Fique comigo
Fique comigo
Fique comigo
Fique comigo

Eu apenas gosto de esperar
Por todas as memórias mágicas
Eu temo esse lugar sem você
Não deixe, Eu estou implorando, por favor

Fugindo das memórias
Fugindo do ano
Fugindo das memórias
Fugindo das lágrimas
Fique comigo

Você não ficará?
Fique comigo
Você não ficará comigo?
Fique comigo
Fique comigo
Fique comigo
Fique comigo
Fique comigo

Dolores O'riordan

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Música.


Me sinto afinada... (Irônia)

Por quê?

Girassol. Gira - Sol e etc...


Girassol

Gira - Eu

Gira - Dor

Gira - Dúvida

Gira - Solidão

Gira - Tristeza

Gira - Lágrimas

Gira - Café com leite

Gira - Dia

Gira - Noite

Gira - Cerveja

Gira - Saudades

Gira - Televisão

Gira - Frustação

Gira - Doença

Gira - Pílulas

Gira - Respondabilidade

Gira - Egoísmo

Gira - Mentira

Gira - Sonhos

Gira - Mundo

Mundo sempre Gira

E quem disse que um dia ele vai parar?

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Pseudo Serenata sob o Sereno


Sob o sereno
Sobre o asfalto
Nos espelhos d’água
Na imagem distorcida
Meu rosto gouche, torto e manchado
Meio alma
Meio nada
Vejo a procura
Nos meus olhos refletidos
Procuro em mim
O que não há mais em ninguém
E procuro em outrem
O que não há mais em mim
Amor...

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

As sem razões do amor


Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no elipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.


Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.*

Carlos Drummond de Andrade

*Para Ele (Pifo...)

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Paralelos...




L-a-b-i-r-i-n-t-o-s -e- s-o-n-h-o-s


La-bi-rin-tos e so-nhos


Labirintos e sonhos


birintos e so


rintos e


tos

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Importante!


O importante hoje e não perder o controle...

Não perder a minha razão...

Minhas mão estão trêmulas...

Sonhei com fantasmas a noite toda...

E vi um hoje pela manhã...

Não posso esquecer de não perder minha calma

Manter o controle dos meus pensamentos

Não posso esquecer de não me esquecer

Nesse ninho de palavras...

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Meus pés nas rua


Pela rua
Há algo suspenso no ar
Como silêncio
Aflitivo, sozinho
Nessa rua, nessa noite.
Passos tão rápidos
Pra chegar aonde?
Ninguém espera, ninguém espera...

Pela rua
Há luzes fracas
Que iluminam o sonho dos insones
Embala o pecado dos nomes
Quase corro...
Pra quem?
Não há ninguém
Não há mais ninguém

Pela rua
Há lembranças boas
De algumas noites de calor
Com um ar sem jeito
Um sorriso amarelo
Agora paro
No meio da rua
No meio de mim
Não há mais nenhum lugar pra ir esta noite...



Pequeno eu que habita em mim...
Tão diminuto do tamanho do meu monstruoso egoísmo
Bicho de duas cabeças
Sem juízo e razão
Constrói sozinho a única moradia que possui.
Ele mesmo...


Esquecer, esquecer, esquecer, esquecer...

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Maldito


Maildito coração inquieto....
Quero matá-lo!!!!

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Uno

Sinto falta
Saudades. O meu coração está onde o dele está...
Aonde anda este coração?
Sinto triteza
Ando só no meio do mar
Mar Profundo
Sinto desespero
Desejo o desapego e a liberdade antiga
Mas prendo-me ao amor
Em duas ciadades alguém me disse
Sou está e aquela
E ele ele não mora em nenhuma delas
Mora em mim inteiramente
Na alma, gravado pra sempre...

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Gatums Areks


Por que somente lembro-me das coisas que quero mais esquecer?

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Mesmo que Mude

Bidê ou Balde
Composição: Carlinhos Carneiro / Rodrigo Pilla

Ela vai mudar,Vai gostar de coisas que ele nunca imaginou
Vai ficar feliz de ver que ele também mudou
Pelo jeito não descarta uma nova paixão
Mas espera que ele ligue a qualquer hora

Para conversar
Perguntar se é tarde pra ligar
Dizer que pensou nela
Estava com saudade
Mesmo sem ter esquecido

Que é sempre amor, mesmo que acabe
Com ela aonde quer que esteja
É sempre amor, mesmo que mude
É sempre amor, mesmo que alguém esqueça o que passou

Ele vai mudar,Escolher um jeito novo de dizer “alô”
Vai ter medo de que um dia ela vá mudar
Que aprenda a esquecer sua velha paixão
Mas evita ir até o telefone

Para conversar
Pois é muito tarde pra ligar
Tem pensado nela
Estava com saudade
Mesmo sem ter esquecido que

É sempre amor, mesmo que acabe
Com ele aonde quer que esteja
É sempre amor, mesmo que mude
É sempre amor, mesmo que alguém esqueça o que passou

Para conversar
Nunca é muito tarde pra ligar
Ele pensa nela
Ela tem saudade
Mesmo sem ter esquecido que
É sempre amor, mesmo que acabe
Com ele aonde quer que esteja
É sempre amor, mesmo que mude
É sempre amor, mesmo que alguém esqueça o que passou.

sábado, 6 de outubro de 2007

Somos três



Somos três, diferentes, e idênticos, controversos, mas somos da mesma forma igual e complementar na profusão e tudo o tempo todo: selvagens. Da mais velha a mais nova, nosso gênio irascível, que jamais será dominado. Somos três, feitos pelos mesmos corpos. Somos fruto de força e da falta de medo. Sem medo nenhum, nem da morte, os três são assim. Filhos, pai, mãe, homem, mulher, vilão e herói. Matamos e damos vida nos sonhos quando bem queremos. Não há sujeição a ninguém. Irmãos.
Somo os três irmãos...

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Poema I



Luz plena
da culpa sombra tenha
Emfim não chores mais
nunca mais

Homem animal por inteiro
dono da dor e do desespero
Então não chores mais
nunca mais

Coração arrasado, quebrado...
sem orgulho e todo pisado
Por favor não chores mais
nunca mais

Sombra plena
Na calma sempre me mantenha
Agora não choro mais
nunca mais

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

The Hardest Part



Coldplay

And the hardest part
Was letting go not taking part
Was the hardest part

And the strangest thing
was waiting for that bell to ring

It was the strangest start

I could feel it go down
Bitersweet I could taste in my mouth
Silver lining the clouds
Oh and I
I wish that I could work it out

And the hardest part
Was letting go not taking part
You really broke my heart

And I tried to sing
But I couldn't think of anything
That was the hardest part

I could feel it go down
You left the sweetest taste in my mouth
Your silver lining the clouds
Oh and I
Oh and I
I wonder what it's all about

I wonder what it's all about

Everything I know is wrong
Everything I do just comes undone
And everything is torn apart

Oh and it's the hardest part
That's the hardest part
Yeah that's the hardest part
That's the hardest part

sábado, 15 de setembro de 2007

Num dia de chuva



Chovia, era isso que via-se pela janela, chuva. Caia sem parar, as vezes haviam aqueles espaço em que dava uma trégua e o sol aparecia timido por entre nuvens, mas então vinha a chuva e tornava a molhar tudo que tentava secar, típico dessa época do ano as ruas oras estavam cheia de crianças e oras alguns transeuntes arriscavam andar pelas poças de lama sob as gotas de água que caiam majestosas do céu.
Isobel assistia tudo aquilo, com a cabeça apoiada no braço, ela observava as gotas que escorriam pelo vidro da janela, formava o desenho dos raios que explodiam logo acima, gostava de ficar quietinha ouvindo a chuva no telhado, o ronco do vovô e o rádio velho ligado baichinho só na estatica. Uma lembraça formava-se ai e era renovada sempre que o céu chorava, mas de repente algo perturbou essa melodia, pela janela Isobel viu uma cabelira vermelha correr pela rua, arregalou o os olhos e pregou a testa no vidro, para ter certeza de que não fora uma ilusão, mas uma outra pessoa corta a rua e dessa vez ela reconheceu quem era, Lúcio quebra dentes correndo na chuva... Hum... havia algo de errado.
Olhou para o avô que roncava na sua cadeira de balanço e se esgeuirou até a porta, abriu com uma cautela assombrosa, a porta gritava toda vez que era usada e dava pra ouvir da cozinha que alguém chegará ou saia de casa. Isobel fez o milagre de ela emitir somente um gemido ao abrir e um gritinho ao fecha-la, pegou seus sapatos um pouco molhados, e o velho guarda-chuva vermelho da vovó e andou meio desajeitada com o guarda-chuva todo quebrado até o portão de sua casa, quando se aproximou e olhou para rua viu a seguinte sena: Lúcio quebra dentes socava na barriga um menino de cabelos vermelhos que era segurado por dois membros de sua gangue, o menino tinha sangue escorendo pelo nariz, e relutava bravamente as investidas de Lúcio, ele não emitia nem um som de dor, e isso parecia irritar muito Lúcio que o socava.
Isobel queria ver melhor , então subio nas grades do portão com o guarda-chuva e tudo, mas sem perceber ele rossou em um vaso que ficava no pequenomuro da casa, em um instante o vaso da vovó com flores tristonhas espatifava-se no chão, com o susto Lúcio parou de bater no tal garoto virou-se, mas não viu ningém só o vaso em pedaços no chão. Isobel estava escondida encostada no muro com uma pedra em uma das mãos, se ele aparecesse sabia exatamente o que fazer com a pedra, mas não foi o que aconteceu, alguns minutos se passaram e nada de Lúcio, ela levanta lentamente ainda na espectativa de ter de usar sua arma em mãos, completamente molhada o guarda-chuva completamente despedaçado, os olhos de Isobel se assustam com o que vê.
Parado na frente de seus olhos do outro lado do muro estava o menino de cabelos vermelho, com sangue saindo do nariz, com a mão na barriga ficaram ambos em silencio até que ele o ruivo falou:
-Obrigado...
Ela responde:
-De nada... Vo... Você quer a... juda?
-Claro tô todo moido...
Ela deu um leve sorriso, ele meio desajeitado retribui. Ao abrir o portão ele fala:
-Meu nome é Jonas...
-O meu é Isobel... vem vou acordar o vovô ele sempre sabe o que fazer...
Neste exato momento a chuva dá sua trégua, ambos caminham até a porta que dessa vez a porta gritou com vontade quando foi aberta. Tudo só pra acordar o avô de Isobel que sonhava com solos incríveis de violino.

sábado, 18 de agosto de 2007

A procura...


A procura de algo que justifique bem a natureza humana me apego em certa afirmações, mas de forma relativa ainda tenho meus receios sobre esta tal natureza. Segundo Nietzcshe o homem deve lutar para ser o que realmente é. Mas quem sabe o que pode habitar em cada um? Quem pode mesmo deixar cair sua máscara e se mostrar na sociedade como devidamente é?

“Torna-te quem tu és!”

Quem sou eu então? E quem é você afinal?

Uma idiossincrasia de costumes, de preconceitos, de conceitos. Tudo isso constrói o homem (entenda mulher também), cada um fabrica sua máscara, na tentativa de se adaptar ao meio. Nesta tentativa esconde como é de verdade e literalmente. E não é difícil notar isso ao nosso redor, quem não tem um amigo que se recusa a admitir sua sexualidade porque a educação machista que ele recebeu, e digeriu forçadamente, impõe que ele a qualquer custo precisa ser “o cara”. Quem não vê o empenho das mulheres em tornarem-se mais belas, mesmo que isso signifique tornar-se também superficial, por causa desta maldita ditadura da beleza.

Como você é?

Uma definição, então quem pode definir-se somente com um adjetivo?

Não é fácil carregar sua cruz. Cada um possuí uma, a cruz de esconder características da própria personalidade. Por medo? Medo pode ser a explicação mais palpável, quando você é criança é basicamente a primeira coisa que te ensinam. Medo. Pelo medo muitos calam-se e crescem calados. Outros irritam-se e lutam contra ele (corajosos...). Ainda segundo Nietzcshe o ser humano padece de bondade, ou seja, torno-me quem sou e admito minha natureza cruel.

O homem é cruel?

Sou cruel?

Ainda procuro muito entender se todas as minhas regras internas são os freios da minha crueldade de natureza. Acreditar que o concreto pra mim e respeitar o espaço do outro, mesmo que este invada o meu. Cresci calada e agora quero falar. Mas qual é o meu espaço? O medo que tenho é o de perder o que ainda nem conquistei. Sempre tive medo. Eu careço de bondade? Não há filosofia suficiente que explique o homem.

Não há verdade absoluta!

Não há...!

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Passive

Dead as dead can be
he doctor tells me
But I just can't believe him
Ever the optimistic one
I'm sure of your ability
To become my perfect enemy

Wake up, and face me
Don't play dead, cause maybe
Someday I'll walk away and say
You disappoint me
Maybe you're better off this way

Leaning over you here
Cold and catatonic
I catch a brief reflection
Of what you could and might have been
It's your right and your ability
To become my perfect enemy

Wake up(why can't you)
And face me (come on now)
Don't play dead(don't play dead)
Cause maybe(cause maybe)
Someday(someday)
I'll walk away and say
You disappoint me

Maybe you're better off this way(x4)
You're better off this(x2)
Maybe you're better off

Wake up (why can't you?)
And face me (come on now)
Don't play dead (don't play dead)
'Cause maybe (because maybe)
Someday (someday)
I'll walk away and say
You fucking disappoint me
Maybe you're better off this way

Go ahead and play dead (GO!)
I know that you can hear this (GO!)
Go ahead and play dead (GO!)
Why can't you turn and face me?! (GO!)(x4)
You fucking disappoint me!

Passive agressive bullshit!!!!*

A Perfect Circle


*Essa é uma das facetas da minha personalidade...

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Luxuria...



Ela se olha no espelho, analisa seu corpo perfeito envolto num vestido vermelho, com um decote generoso, rodado até o joelho। Pega o batom vermelho e passa na boca, calça seu sapato vermelho de salto agulha, dá mais uma olhada no espelho e, com um olhar travesso, pensa que esta noite realmente quer se divertir...

Entra no seu conversível e vai para a Cidade Baixa. Neons, ruas de pedra, mulheres e suas plumas, homens e suas gravatas. Estaciona o carro vermelho já provocando olhares; loira, platinada sai do carro toda de rubro e caminha pela rua de pedras tão velhas e gastas quanto o tempo.
Rebolando, anda girando o juízo de quem a vê. Passa por casas noturnas, cerrando seus lindos olhos verdes como se estivesse a caça, como se espreitasse por sua presa. Sobre a calçada percebe o neon verde e azul, onde diz “Midnight Club”: encontrou sua vítima. Entra requebrando o quadril de forma alucinante, deixa homens excitados e mulheres enciumadas, senta no bar e imediatamente o barman se aproxima perguntando:
- O quê a beleza vai querer?
Ela faz um biquinho, olha lânguida para ele e responde:
- Um Drymartini baby...
Em cinco minutos o barman traz a bebida. Ele nota o vermelho de suas unhas combinando com todo o resto e comenta:
- Toda combinando hein?
Ela responde:
- É minha cor favorita haney...
Ela gira no banco para apreciar as mesas cheias e, enquanto toma seu drink, ao fundo toca um blues ritmado. Acompanha o som balançando seu pé, lançando olhares cinuosos aos demais, muitos sentados conversando, fumando e bebendo, garçonetes andando pra lá e pra cá. Termina sua bebida e caminha por entre as mesas em direção ao palco, sobe nele e para surpresa de todos ela começa a cantar.
Com a voz aveludada mas forte, um pouco rouca mas suave, ela canta um blues cadente, quente pra quem ouve. Canta a história de dois amantes que se encontram num quarto de motel, na Cidade Baixa, andar dois, quarto 19. Os descreve cantando os beijos, as carícias e as loucuras do casal entre quatro paredes.
Canta insinuando seu próprio corpo, sensual, derretendo de excitação. No salão, uma conexão estranha começa a se formar, pares e pares caminham até ele e dançam: homens com mulheres, homens com homens, mulheres com mulheres, negros e brancos, todos bailando pelo saloom, embalados ao som daquela voz tão envolvente.
E mais e mais eles se tocam, mais e mais se embriagam de luxúria. A banda hipnotizada, como se quanto mais tocassem mais prazer sentissem, não param com a música. Então, o primeiro casal começa a se amar ali mesmo, depois outro e outro. Ao fim todos unem seus corpos inundados de amor e luxúria.
Ela cantava e comprazia-se com o que via. Em determinado momento pára de cantar, desce do palco, anda pelos corpos seminus, sai do bar e as portas atrás dela se fecham.
Olha mais uma vez para a rua com o mesmo olhar de antes á procura de sua nova vítima: Close Heart Bar Blues. E é para lá que se direciona, pelas ruas de pedra, com seu vestido vermelho, rebolando e pronta pra incendiar mais uma vez...