quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Ferrugens

As ferrugens saem das minhas juntas como uma poerinha laranja, e fica pairando pelo ar em minúsculas partículas de tempo, esquecimento, escassez. Estico meus dedos na tentativa de que eles voltem à velha forma de antes, no auge, no calor da coisa. No estado imóvel, onde a inércia age e reage, ao sabor do tempo – sol e chuva – que corrói, a química que destrói o corpo, ou ele que sucumbe a todo resto. Como espasmos de consciência, que pedem sempre o acompanhamento de outras consciências concordantes com objetivos absurdos, ou inconsistências de opiniões, ou achismos. Todos os dias as portas se abrem, janelas se fecham, pessoas desconjuntadas acotovelam-se para alimentar seus filhos, a si mesmas. Todos os dias pelas frestas das portas saem às borboletas invisíveis, as baratas voadoras, que durante o sono perturbaram o sonhar.

Num dia frio que faz meus dedos ficarem roxos, o frio sempre remete a desolação, a estagnação, cotidiano. A dor também faz parte, no corpo, a dor da alma vai sempre existir, os poetas que o digam, tantos a cultivam como plantinhas no fundo do quintal, as acham até bonitinhas no final das contas. Ou a doença faz observar a outra face, aquela a qual dá a tapa, e doe, e encontra os joguetes infinitos do destino, mergulha em aflições imaginarias e por fim se perde nas ruas molhadas, mal iluminadas de uma cidade em pleno desenvolvimento.
A.A.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Teatro das sombras

As figuras, que eram sombras no lençol amarelado. Gesticulavam e tinham suas falas, nada era ensaiado, tudo era o improviso. Os diálogos surgiam no calor da situação fomentada por momentos passados e magoas profundas, as personagens agitavam-se, porque a discurção aumentara.
- Você se comporta como uma prostituta barata!!! Porque rasteja aos pés dele??? Ele só vai te usar!!!!!
- Mas eu estou tão feliz!
-Não importa porque é isso que você é, uma puta chula!
E tudo escurece, porque os personagens envolvidos dormem. Um deles pelo menos, o outro chorou até um mar salgado lhe cobrir por completo.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Não sou daltônica!

Eu não tenho dimensão de certas coisas. Não sei lidar direito com pressão, me sinto acuada, como um bicho do mato que se perde e cai na cidade. E ouvia os trovões, parecia próximo demais, uma tempestade, alguém comentou que em outro lugar chovia muito. E só caia aquela garoa e lá no fundo vi um arco-íris, daí tive a certeza que tudo ficaria bem e a noite depois de umas lágrimas, o abraço, o alívio e o sono.

A.A.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Balão vermelho

Balão Vermelho_Paul Klee
Eu Não Peço Desculpa


Composição: Jorge Mautiner


Eu não peço desculpa

E nem peço perdão

Não,não é minha culpa

Essa minha obsessão

Já não agüento mais

Ver o meu coração

Como um vermelho balão

Rolando e sangrando,

Chutado pelo chão


Psicótico,

Neurótico,

Todo errado...

Só porque eu quero alguém

Que fique vinte e quatro horas do meu lado

No meu coração, eternamente colado...

No meu coração, eternamente colado... *


*Ele me disse que essa muzga foi feita pra mim, e fiquei me perguntando o por quê?


segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Andanças

Quando saia do cinema, me senti como se estivesse numa outra cidade, num outro país, onde ninguém soubesse que língua eu falava, e nem estavam interessados em saber qual era. Caminhei bastante porque precisava, e ninguém me notou ou notaram as lágrimas que rolavam e rebolavam pelo meu rosto. Caminhei, olhava para o céu nublado meio marrom, os carros passavam depressa e agitava o ar, e eu com o rosto queimando de tanto chorar, até podia ouvir as batidas do meu coração que acompanhava cada passada minha. Como um barulho surdo de um bumbo, segundo após segundo, e quando eu parava ficava mais alto e mais forte. Poderia andar até chegar em casa, mas meu joelho começou a reclamar, santa invisibilidade, minha casa é a rua e meu pai é a Lua escondida entre as nuvens. Solidão foi hoje minha companheira.
Preciso agradecer a um anjo de nome Fabiana, que com seu jaleco branco me deu um abraço tão fraternal que poderia dormir o sono dos bravos. Acordar forte. Mas me falta bravura e somente gostaria muito de dormir e acordar amanhã...

domingo, 24 de agosto de 2008

Dormir

Esperar esta chuva passar, mas logo ela vai embora, dias assim, esperar tudo passar de forma bem paciênte. As vezes eu queria dormir e acorda só na segunda-feira, porque pelo menos ocupo minha cabeça com algo. O silêncio me mata, fico pensando mil coisas, da mesma forma que ele, é eu sei que o rémedio sempre é mais amargo.

Inventar e reinventar, sinto-me mediocre no meu desespero.

Meu nome não sei mais além do que vê. E quem vê?

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Ontem

Por que as pessoas precisam perder-se tanto?
Para enfim descobrirem-se tão diferentes do que pensavam que eram.
Por que percorrer tantas esquinas?
E entender precisar pousar em apenas um lugar.
Por que beijar tantas bocas famintas?
Até compreender que a boca que você gostaria unicamente beijar,
Está a cargo do destino.
Por que sorrir amarelo cem vezes ao dia?
Enquanto por dentro você chora e quer gritar...
Por que querer se matar?
Se o que você realmente quer é viver.

****
Em algum lugar de mim,
Ouvi a canção morna da manhã.
Em algum canto em mim,
Senti o sabor doce da presença.
Em vezes em meu pensamento,
Posso tocar os devaneios, frutos da saudade.
E ser eu.
Tão somente.

Em alguns momentos faço troça da dor.
Brinco de mentir a mim mesma.
Quando que em certas ocasiões sou coadjuvante da minha história.
Então me desfaço destas quinquilharias do sentir,
E sou todo o rompante do ser.

***
Formam-se vozes
Empertigadas no escuro
Havia os risos nos olhares taciturnos.
Ouviam-se os passos.
Tudo isso atrás da porta.
Por sobre o aço.
Que enferrujou com os anos,
Mas não envelheceu os homens.
Que discursaram com seus preâmbulos.
Sente-se o silêncio.
Sussurros...
Entende-se o armistício.
Amam-se por fim.
Tocam-se sem fim.

A.A.

domingo, 3 de agosto de 2008

Ensaio

Romantismo
Quem tivesse um amor, nesta noite de lua,
para pensar um belo pensamento
e pousá-lo no vento!...
Quem tivesse um amor - longe, certo e impossível -
para se ver chorando, e gostar de chorar,
e adormecer de lágrimas e luar!
Quem tivesse um amor, e, entre o mar e as estrelas,
partisse por nuvens, dormente e acordado,
levitando apenas, pelo amor levado...
Quem tivesse um amor, sem dúvida nem mácula,
sem antes nem depois: verdade e alegoria...
Ah! Quem tivesse... (Mas quem tem? Quem teria?)
Cecília Meireles*
*Cecília eu tenho!

quarta-feira, 30 de julho de 2008

De manhã

Eu acordei disposta, e queria olhar nos teus olhos. Nesses olhos que parecem sempre ter sono. Beijar a sua boca com o hálito da manhã. Enterrar-me no seus braços, e com a minha disposição amar.

Desejei hoje ser meus e teus passos ao mesmo tempo. Acompanhar cada batida do coração, só pra me certificar que ainda vai tudo bem com você. De surpresa te roubar um cheiro, um sorriso, uma manha.

Sou presença nessa razão que te procura. Profusão do amor. Exuberância.

A.A.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Na faixa

Os pensamentos são alheios, são como cachorros raivosos, não se permitem domar facilmente. Sonhos também são assim, também não se permitem controlar, mas surgem quando bem querem e um dia você acorda com cada detalhe de um e no outro não sabe nem se sonhou.
Pensamentos combinados a sonhos são a mistura dos loucos, quando se confundem seus próprios sonhos com seus devaneios da mente consciente e antão pronto! A realidade funde-se numa fantasia que te leva de forma vertiginosa a vagar por ai sem rumo nesse mundo de meu Deus.
Hoje caminhando pelo centro desta cidade calorenta, imaginando mil coisas, descobrindo algumas verdades, sentindo um calor desgraçado e ainda pedindo que, por favor, nada interrompesse o ritmo da minha caminhada sou surpreendida por um individuo pedindo um pouco da minha atenção. Não! Eu não quero te dar a minha rasa atenção! Eu queria muito gritar isso, mas fui tão educada quanto a uma vendedora de loja chick e respondo: Desculpa, não dá. Daí ele desiste de mim e vai fazer a mesma proposta à outra mulher logo atrás de mim, ela nem sequer fala e vai embora, enquanto eu ouvindo e percebendo tudo isso sou obrigada a parar por causa de um sinal vermelho pra pedestres. Paro e o mesmo cara toma uma tática inesperada e lança esta frase: Povo metido a arrogante, depois que ela um furada não sabe por quê... Puxa vida a ouvir aquilo, ficou na ponta da língua: Ei! Vem cá me fura eu não vou sentir nada... Ei! Porém me segurei, minha boca salivou como se estivesse na frente de um prato muito apetitoso, o sinal abriu e fiquei parada olhando o semi-louco destilar todo seu veneno na calçada. Voltei a caminhar pensando nisso, nessa minha vontade que quase expressei, que quase disse com verdade, e senti um medo terrível de estar começando a ficar louca, pode parecer besteira, sim pra você pode parecer besteira, contudo eu queria mesmo dizer aquilo, e imaginei na hora o metal entrando na minha carne e eu sentido só aquele filetinho da dor seca, e me vi sentada no meio fio, um monte de gente ao meu redor e eu sangrando com um sorriso no rosto.
Andando, digerindo tudo isso entendi o porquê eu achar que nada sentiria, porque uma dor maior aplacaria qualquer outra, portanto em conversas sobre sonhos, sobre coisas, veio-me a minha alma certas dores, comecei a crer que o que separa a razão de insanidade e nada mais que um muro de vidro que a qualquer momento posso quebrar e atravessar, parei de novo e senti meu rosto latejar foi no momento em que umas lágrimas desceram, me senti doida e sã ao mesmo tempo, e tudo ficou muito confuso, sentei no meio fio porque minhas pernas bambearam, enxuguei as lágrimas pois as pessoas ao redor começaram a notar, bebi água pra desfazer o nó do choro na minha garganta e me perguntei várias coisas. Olhei minhas mãos que tremiam, olhei pro asfalto, ouvia os ônibus passarem, as outras vozes, no entanto queria estar dentro da água de novo com ele se quisesse, queria estar no seu colo, pois é só ali que não penso em nada, queria estar nem que fosse em silêncio ao seu lado, só pra sentir que estava lá.
Eu a medida de algumas coisas, não possuía medida de nada. E ate recobrar minha força e voltar a andar lembrei-me do meu ultimo sonho, foi um sonho bom, uma coisa que gostaria muito de fazer um dia, fazer café pro homem que amo.
A.A.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

O tal do feeling pra viver...

Eu não acredito! Foi exatamente isso que pensei ao ouvir frases como: que falta de tolerância; que arrogância dele. Ouvi isso da pessoa mais improvável e é lógico pra não ser queimada na fogueira, como uma bruxa em plena idade média, admiti um ar blasé. Nem que sim e nem que não, em cima do muro, e odeio ficar nessa situação.
Outro ponto importante e num dia de auto reflexão tentar acha a raiz da raiz para meu comportamento nocivo, porque tem momentos em que me comporto feito um detefon, não que eu queira matar baratas, não tem nada haver com isso, mas já experimentou tacar isso numa plantinha viçosa e verdinha? Mata mesmo, pois é desde sexta me sinto assim o detefon mata tudo.
Um dia inteiro analisando ao som de coisas tipo “Yeah i feel like a force of nature/Could make you sing like a bird released” do Oasis e em seguida ouvindo a balada desse mesmo album Stop Crying Your Heart Out e indo as lágrimas me senti uma criancinha como a um tempão não sentia, ou tinha escorado esta sensação no canto de algum lugar no meu coração. Foi bem complicado pra mim admitir que eu sou esta menina tola, tola mesmo, tipo babaca, me falta o tal do feeling pra viver. E nas palavras de um grande intolerante que adoraria me ouvir dizer que ele está certo – não pelo fato de ele estar certo por te aconcelhar bem, mas sim pelo fato de massagear o ego machista dele – é burrice errar, então porque não aprende com os erros dos outros, mesmo que isso signifique que nunca vá entender direito certas coisas, mas ele tem razão é hora de domar a leoa e deixar bater e levar porrada.
A.A.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Dias

Nos dias que seguem-se, a ordem das coisas, primeiro, segundo, terceiro, meu, teu, nosso...

O que há dentro da caixa surpresa?

Há parte de mim
Parte dele...

terça-feira, 8 de julho de 2008

Morada

Entre uma palavra e outra e pensamentos, sentindo certo calor porque a noite estava morna, cheia de olhares. Lá organizando alguns dizeres, pensei várias vezes no amanhã, uma vez que ainda era o hoje, uma vez que esperava pelo agora.
Tudo muito gravado aqui dentro do meu coração, e sinto paz diversas vezes do dia, quando não interrompidos por rompantes de desespero, e então me pergunto que montanha russa louca é essa que estou. Olho nos olhos de alguém que passa, vejo abraços e sorrisos, ouço o estalido de beijos ao meu lado e peço que, por favor, nunca acabe, implorando que as menções sejam concretas no depois de amanhã, quando vou estar sentada observando a calmaria naqueles olhos tão meus. E respostas, e perguntas, e sentidos eu caminho agora, não corro mais, e preciso me acostumar com calos, e preciso entender as feridas e tentar ao menos curá-las para o bem. Observando minhas mãos que já possuem lá suas marcas do pouco tempo que vivi, minhas mãos, minhas palavras guardadas que ainda não sei dize-las, aprendo aos poucos a falar o que os ouvidos querem ouvir, pois dentro, aqui, neste lugar, ainda tenho muito pavor de ser. Entendo que preciso enterrar alguns medos, a sete palmos de mim, e deixar o meu temor do escuro e até brincar com as sombras, pra poder desfrutar da luz do nascer do sol. O sol vai surgir, mas mais tarde assim fora de tempo vou ouvir o meu amor dizer que já está tarde para o dia e não pra nos. Nunca para nos.
A.A.

terça-feira, 1 de julho de 2008

A espera

A espera do meu Leão...

domingo, 29 de junho de 2008

Jorge de novo...

E então Jorge? Hoje vc ganhou... Como se sente? Feliz? E aí, tem dragões por aí? Noite de vinho vagabundo de novo... Ha-ha-ha. Vinho me volta lembranças, maldita memória! Desembainhe a sua espada Mon Senhor é hora do embate.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Guantanamera

Hoje acordei com a cabeça cheia, completamente, pensando em mil coisas, e sensível. Já derramei umas lágrimas por pensar demais, lembrando dos olhos castanhos que estão por ai com a cabeça cheia de coisas também. Nesta madrugada não tive sonhos, pelo menos não me lembro deles, acordei pesada, respirando fundo e decidindo o amanhã já! Urgente, chorosa, melindrosa.
Uma secessão de coisas que dizem o que você é ou quem é você, talvez algumas pessoas possam te dizer algo e iluminar sua cabeça, na verdade descobri que tenho ódio por certas figuras, gente de verdade, raiva que meu sangue ferve a ponto de evaporar, no entanto eis a questão: a mediocridade fora a parte me impede de secar, ou seja, deixo pra lá, aparentemente alguns motivos, porque o ar é o mesmo pra todos. Melhor que isso é saber que tal figura está tão perdida quanto eu fui um dia, é bom ser assim, é interessante, pois não falta gente pra te empurrar ladeira abaixo, eu não precisaria me sentir assim e relação a outrem, porém cá com meus botões falte-me mais bom-senso e parar de pensar um pouco. “Ser ou não ser eis a questão” frase celebre dita por Hamlet, ele vivia sua guerra e perdeu tudo mesmo na vencendo na vingança.
Na hora de vir ao meu trabalho dois colombianos no meio do vai e vem dentro do ônibus tocaram musicas latinas e sai um Guantanamera, nossa eu adoro essas música, e tinha lá um instrumento típico de cordas e flauta, cantada tão bem que naquele momento adoraria ter R$ 10,00 pra compra o tal CD que eles vendiam. Essa canção lembrou-me uma vez há muito tempo quando era criança, tocou no rádio e vi meu avô sentado na cabeceira da mesa balbuciar estas palavras Yo soy un hombre sincero / De donde crece la palma... Lembro de sentir um frio na barriga com o som dessas palavras que nem sabia o que significavam, por que nasci neste seio? Dúvidas, e que seio hei de parir?

Guantanamera
Raices de América

Composição: Joselito Fernandez
Guantanamera, guajira guantanamera
Guantanamera, guajira guantanamera

Yo soy un hombre sincero
De donde crece la palma
Yo soy un hombre sincero
De donde crece la palma
Y antes de morir me quiero
Echar mis versos del alma

Guantanamera, guajira guantanamera
Guantanamera, guajira guantanamera

Mi verso es de un verde claro
Y de un jazmín encendido
Mi verso es de un verde claro
Y de un jazmín encendido
Mi verso es un ciervo herido
Que busca en el monte amparo

Guantanamera, guajira guantanamera
Guantanamera, guajira guantanamera

Por los pobres de la tierra
Quiero mis viersos dejar
Por los pobres de la tierra
Quiero yo mis viersos dejar
Por que arroyo de la tierra
Me complace más que el mar

Guantanamera, guajira guantanamera
Guantanamera, guajira guantanamera

Yo soy un hombre sincero
De donde crece la palma
Yo soy un hombre sincero
De donde crece la palma
Y antes de morir me quiero
Echar mis versos del alma

Guantanamera, guajira guantanamera
Guantanamera, guajira guantanamera

terça-feira, 24 de junho de 2008

Conceituando o eu de mim

You'll be given love / you'll be taken care of / you'll be given love / you have to trust it…
Björk_ All is full of love

Considerações à parte realmente é muito difícil amar. Tal afirmação advém do mérito de quem o sente. Deixar tudo ou ter tudo? Fazer escolhas. Interessante disso que parece estar em uma estrada a qual se acha que conhece bem e de repente aquele susto, será? Sim? Não? Meu jeito, seu jeito, nosso jeito, o jeito dos outros. Meço-me pelas minhas intenções, então vamos lá, quais são? Intencionada ou não gostaria muito de crescer, na verdade queria muito trabalhar no circo, isso é sério, sempre foi minha vontade trabalhar em um circo e adivinha ser palhaço, ou melhor, palhaça. Por quê? Eu não sei. Gostaria de ser também cantora, mas não sei cantar, por quê? Boa! Também não sei. Queria ser pintora, queria ser piloto de avião, queria ser escritora, queria ser mãe, e por quê? Nunca vou poder responder simplesmente porque não tem resposta. Então o que tem haver tudo isso com amar. Porque eu não sei, mas sinto e quero – querer é uma palavra que escraviza – as coisas parecem desafiadoras não é? Ah sim é mesmo, mas que chamado estranho é esse? Adoraria responder as suas perguntas, juro que adoraria, contudo não posso, sim estou tateando no escuro como você, e que surpresa só tenho uma certeza, a mesma que diz ter. Do meu coração de gelo que não se expressa muito bem, tento mesmo modificar esta engrenagem ruim que implantaram em mim com coisas tipo: você nunca terá nada, se não fizer como digo. Você não tem valor se não fizer desta forma. E pra mim existe milhares de formas, maneiras, perímetros, âmbitos, tão complexos que não me importo com suas excentricidades, sinto-me até a vontade, permitindo tudo fluir, essas coisas...
É verdade que um furacão passa, veja bem tenho muitas coisas pra contar a começar pela má informação sobre isso, este monumento que avassala quando vem, e permita-me dizer não pergunta se pode fazê-lo certo? Não mesmo. Começaria pelas incontáveis noites que lavei meus olhos de dentro para fora – quem assistiu Chaves sabe do que falo – pensando que boneca vazia eu era, boneca sim, pegavam no meu queixo sorriam e chamavam-me disso. Das vezes que suportava o peso de um outro alguém só pra ele depois me dar uns tapinhas nas costas e dizer que tinha sido ótimo. Oh que bom servi-lhe meu senhor carrasco... Daquelas outras vezes que andei por ai contando com amigos que hoje não tenho mais. De alguns momentos que pensei que não tinha mais saída, sem nenhuma certeza. Eu sonho demais... Isso foi há algum tempo atrás, têm outras coisas, algumas feridas que demoraram pra fechar e umas ai que irão cicatrizar mais cedo ou mais tarde.
Agora tenho uma outra parte de mim, novo, tudo novo, até o coração. Ando por aí, ando, ando e ando, porém sei de algumas coisas, tem quem duvide, sim tem pessoas que duvidam não as culpo o que a vida fez delas é poeira pra mim, o que tinham de me ensinarem já fizeram apesar de acreditarem que meu molde saiu errado. Tenho ar, mãos, mente livre e uma amor. Certeza que fora de tempo e mundo e só minha. Tudo que escrevi não tem nada com nada, são fragmentos de coisas das quais recordo, e vivo neste momento, nunca entreguei de fato meu coração, exceto a um, bom este está com medo como estou, e isso é normal afinal quem entende este fenômeno do amor, ninguém ouso afirmar, mas quem resistiu a ele, ninguém acho que posso escrever. Ninguém...

domingo, 22 de junho de 2008

Eu te amo

Chico Buarque
Composição: Tom Jobim / Chico Buarque

Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir

Ah, se ao te conhecer
Dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir

Se nós nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir

Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu

Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu

Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios ainda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair

Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir.

sábado, 21 de junho de 2008

A Banda

Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

O homem sério que contava dinheiro parou
O faroleiro que contava vantagem parou
A namorada que contava as estrelas parou

Para ver, ouvir e dar passagem
A moça triste que vivia calada sorriu
A rosa triste que vivia fechada se abriu
E a meninada toda se assanhou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou
Que ainda era moço pra sair no terraço e dançou
A moça feia debruçou na janela
Pensando que a banda tocava pra ela

A marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu
A lua cheia que vivia escondida surgiu
Minha cidade toda se enfeitou
Pra ver a banda passar cantando coisas de amor

Mas para meu desencanto
O que era doce acabou
Tudo tomou seu lugar
Depois que a banda passou

E cada qual no seu canto
Em cada canto uma dor
Depois da banda passar
Cantando coisas de amor

terça-feira, 17 de junho de 2008

O Jorge e a saudade

Mais uma vez, armistício, é só olhar em qualquer dicionário. Estou sentada com a minha armadura de latão, suja como sempre, descansando, pois a batalha virá e preciso recuperar minhas forças. Sim tenho uma espada, tá enferrujada e a bainha está bem gasta, mas afinal quem se importa? Veja só hoje tenho uma companhia ilustre, permita-me apresentá-la: Saudades...
-Olá como vai?Posso te fazer companhia hoje a noite?
-Ahhh!Por favor, não se faça de rogada, sente-se.
-E então como vai?
-Intermitente e você.
-Vou bem, mas sabe como é muito trabalho. Tem muita gente com saudades nesse mundo.
-Quer vinho?
-Por favor, encha o meu copo sim...
-Pois não...
-O quê esta ouvindo?
-O de sempre...
-É verdade lembrei-me agora que sua saudade é Rock’n Roll.
-Ah mais esqueça as drogas.
-Perdão, sexo e Rock’n Roll...
-Prefiro amor.
-Perdão novamente, a propósito mais um pouco de vinho...
-Ahh... Sim, você bebe rápido...
-Já estou acostumada e este vinho não é dos melhores.
-Nossa só juntei umas moedas, foi o que deu pré comprar...
-Esqueça meu comentário infeliz então, mais você não vai continuar a contar está história?
-Mas estou conversando com você.
-Sim, mas gosto de ler o que escreve, estou sempre presente esqueceu?
-Não esqueci, obrigado pro lembrar-me disso...
-Perdão, mas continue...
-Tudo bem.
Como ia escrevendo (gerúndios), estava pensando no Jorge. Quem é Jorge? Não sei não o conheço, hoje é aniversário dele. Imaginei-o com uma armadura reluzente em cima de um cavalo branco, um estandarte e uma espada brilhante, mas então cai na realidade de que talvez Jorge esteja bebendo seus destilados juntos com seus amigos legais, gente boa, e com uns dragões, pois festa sem dragão não tem graça. E eu ouvindo: The hindu times, Your my sunshine/Your my rain... Será que sendo Hindu teria paz de espírito sem a presença dele? Hindu, Hare Crhisna, Islã, Católica, Espírita, Protestante, Macumbeira. Não gosto de convencionalismos e muito menos de regras, essas do tipo que moldam sua forma de pensar. Não entendo porque tanta discussão com conceitos falhos, já que estes mesmo criados por pessoas com um pouco de conhecimento a mais que outras só isso. Você tem cérebro, tenha seus próprios conceitos! Deus é um só. E sempre vem alguém dizendo: Minha verdade... Opa meu amigo sua verdade não é aminha, desculpe-me, mas não concordo, e então a pessoa inflama feito um baiacu, o que eu posso fazer? Engraçado Deus me fez assim mesmo, controversa. Nasci com estes pensamentos, cada qual com seu cada qual, só precisei entender o que é ética. Moral? Veja bem minha moral numa tribo no meio da Amazônia não é nada, Sacow?
Ovelha negra, gosto muito da Rita. Ela é o que quero ser quando crescer. Tá não sei cantar tudo bem, nem ruiva. Okei! Só falei. Só comecei a ouvir mais mutantes por causa dele, pra entender mesmo. E o que li (já leu a Divina comédia dos mutantes? Não?! Faça esse favor a você mesmo, leia!) Descobri uma mulher forte... Ahhh todo mundo fala que os irmão Babtista são os fodões e blá,blá,blá... No entanto Tuti-fruti e daí ela nunca mais parou, quanto aos irmãos virtuosos... Hummm... Sem comentários. Devo dizer que está é uma opinião pessoal, portanto se não agradou crie seu próprio blog e escreva o que lhe der na veneta, vale pra quem já tem o seu.
Louis Armstrong, agora é calmaria disfarçada, uma conversa informal um amigo me disse que pareço com Jim Morison, outro disse: que Jim que nada hei! Lembra do Dylan? Parece com ele, corta mais o cabelo! Eu não sei cantar porra! Ele responde: O que importa? Dá pra fazer umas fotos legais o que você acha? Não sei, não gosto de fotos... Bronca dele: deixa de ser bicho!!! E olha só não vai ser você, vai ser o Bob entende o Bob... Odeio fotos! Encurralada: Já era a idéia formou, cê ta ferrada... PQP!!! E o Jim? Esquece a merda do Jim, ele ta morto... Dessa vez eu ri muito, coitado dele. É mesmo coitadinho, fodido.
O vinho acabou. Vinho vagabundo! Mas foi o que deu pra comprar, e aliás meu paladar aceita tudo, só meu estômago que reclama, mas agüento ainda to viva certo? A saudade tomou a metade, reclamou, gostou e quer mais, não tenho grana. Fodida ela diz... Sou fodida, mas feliz, alegria de pobre, conto pedrinhas imaginárias, meus rosto está vermelho... Ah vou parar de escrever me deu sono. Estou sozinha mesmo, todo mundo arranjou o que fazer. Boa noite!
-Boa noite!Cansei de você vou procurar outro alguém que tenha uma bebida mais fina...
-Faça como quiser me enchi de você mesmo...
-Mas não esqueça amanhã estarei de volta, certo?
-Não, amanhã vou estar com ele...
-Sim, mas não o tempo todo...
Odeio ironia! Mas sou irônica.
A.A

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Carinhoso

Pixinguinha

Meu coração não sei por que
Bate feliz Quando te vê.........
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo..
Mais mesmo assim..foges de mim...

Meu coração não sei porque
Bate feliz Quando te vê.........
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo..
Mais mesmo assim..foges de mim...

Ah se tu soubesses como eu sou
Tão carinhoso e muito..muito
Que te quero....E como é sincero
Meu amor...Eu sei que tu não
Fugirias..Mais de mim........
Vem....Vem...Vem...Veeeem..
Vem sentir o calor dos lábios
Meus a procura dos teus....
Vem matar essa paixão....
Que me devora o coração...
Só assim então serei feliz...
Bem..............Feliz.............

Ah se tu soubesses como eu sou
Tão carinhoso e muito..muito
Que te quero....E como é sincero
Meu amor...Eu sei que tu não
Fugirias..Mais de mim........
Vem....Vem...Vem...Veeeem..
Vem sentir o calor dos lábios
Meus a procura dos teus....
Vem matar essa paixão....
Que me devora o coração...
Só assim então serei feliz...
Bem..............Feliz.............
Meu coração...................

terça-feira, 10 de junho de 2008

Y, por tanto...

"Amá como si jamás te hubieran herido, trabajá como si no necessitaras dinero y bailá como si nadie te estuviera viendo."

(Autoria desconhecida)

domingo, 8 de junho de 2008

Domingo

Depois de escrever sobre algo bonito, amor, olha a grande ironia. Chorei, muito, não entendi os motivos, na verdade meu coração apertou ontem, tanto... O incomodei três vezes, me perdoe por isso. Impertinente. Sempre fui, até pro meus pais, pra eles sempre fui. Sem rumo. Burra. Sem casa. Sem eira-nem-beira. Será que acreditar que podia plantar minhas sementes pra vê-las árvores lindas é pecado? Talvez eu tenha corrido mesmo atrás, você não tem culpa. Sou assim inconseqüente, sem beiradas, portanto não se sinta pesado. Hoje quem pesa sou eu. Então essa é a minha guerra, comigo, essa armadura suja e de latão. Hoje tenho 20, amanhã 30, depois de amanhã 80 e mai que isso só poeira e esquecimento. Não me dou valor. Só queria um abraço e mais nada. Meu anjo deve estar dormindo agora. Eu lhe dei essa alcunha, perdoe-me. Tenho mais dois anjos, amigos queridos, minha vida por vocês perdoem-me também. Ouvi esta musica da Adriana, atingiu como uma flecha a letra mais não compreendi na hora, agora sei bem o ela quer dizer. Só agora começa a sangra...

Sem saída
Adriana Calcanhotto

Composição: Cid Campos / Augusto de Campos

A estrada é muito comprida
O caminho é sem saída
Curvas enganam o olhar

Não posso ir mais adiante
Não posso voltar atrás
Levei toda a minha vida
Nunca saí do lugar

Trajectória: 09/06/20...

E tudo começou assim: era noite, pessoas, conversas em comum e um sorriso, surpresa, que sorriso lindo... Ele me olhou, meio assim desconfiado com a aparição súbita, deve ter se perguntado: De onde veio? Escuro, pessoas de novo, mais conversas, distância, as sombras por perto a espreita observando-o e eu ali alheia ao que ouvia. Calor, lembro do calor, minha blusa colou no corpo e eu colei no corpo dele várias vezes sem que percebesse. Fechei meus olhos, respirei fundo e disse ao meu coração, músculo involuntário, “É ele que eu quero...”. O que sabia eu nesta noite? A única certeza que perdura até hoje. Não tinha nome ainda, mais havia lá batendo, pulsando. Rápido como um tiro de revolver, mirei bem no meio do peito e atirei, ele não entendeu, mais um tiro, não compreendeu... Ahhh, larguei minha arma e peguei na sua mão e dalí foi o meu coração que guiou tudo, beijos, abraços, língua, saliva, pensamento, loucura, explosão.
Dias seguiram-se, de repente uma inspiração começava a crescer, o quê? Novamente, cores, palavras, vontade, saudade, frustração, silêncio... Ainda nem doía. Então um sinal de vida. Ele se lembra de mim! Sorri, fiquei feliz, estranho, muito estranho, logo eu! Disse que mexi em algo lá dentro, dentro de quê? Do coração? Eu queria saber, queria ver, ouvir, tocar, mas e ele? Hummm... É melhor esperar. Eu não sei esperar, não tenho paciência. Os passos dele comecei a catalogar,pra decifrar o que ia naquele tempo, pedia, procurava, ligava, cercava. Eu estava caçando. Mas por quê? Eu sabia porque, ele atirou sem saber, e acertou, bem no meio da mira, ali com uma ferida aberta que pulsa forte e diz coisas cheias de sentido e força. Era a minha sina, sina adorável, carma amado, com um tiro a queima-roupa.
Ele disse sim, eu em algum lugar ele a quilômetros de mim, consciência, pra mim era sério, pra ele, demorou a se acostumar. Silêncio, esse começou a doer assim como uma agulhada. Queria deixar, abandonar, mas minha alma voltava a ele sempre e doía ,mas eu já amava, não me lembro de amar assim... Constante, a imagem daquele sorriso, da preocupação, do olhar vago, da distância apesar de tão perto, estou perdendo-o. Chorei por perceber isso. Pedi que não. Por quê? Não sei, mas queria não perde-lo. Mas não o queria numa gaiola, só queria que olhasse pra mim e sentisse o que eu sentia na mesma intensidade. Eu sei não é justo, o tempo faz tudo e não podia obrigá-lo, forçá-lo. Então deixei a contragosto o tempo fazer o que tinha de fazer, arrisquei tudo. Tudo. E se ele não quiser mais? Vai doer, minha nossa isso dói! Mas ele vai ser feliz, sim veria seu sorriso por aí, e ficaria feliz, muito. Você nem imagina. Só que joguei meus dados na esperança de ganhar, botei toda a minha fé nisso. Deus.
Um abraço foi tudo naquele outro dia. Não contei o tempo. Que tempo? Isso existiu? Não ia perder a minha parte e andar por aí, descomposta, toda pela metade, não ia! Tudo ou nada. Queria tudo, meu tudo. A felicidade vem de mim e passa por ele e volta pra mim novamente. Era o calor naquele abraço, a certeza das certezas. Ah meu amor, eu decidi, eu quis te ter. E quem diria o contrário? Não devo nada a ninguém, não do meu coração. Meus únicos acertos são a palavras que digo ao teu ouvido. A primeira vez que ouvi o amor dos teus lábios, sim meu dia favorito, junto a tantos outros. Senti-me gente, ele disse que me amava, e o teu pensamento que vagava em certo espaço de tempo e vento, misturado, como os minutos que precedem o ápice de algo descomunal, fez-me carne e osso de verdade. Corpo e mente, articulações, veias, sangue, alma, pessoa (primeira). Inspiração permanente.
Tem uma fortaleza, essa que me une a você. Chama-me, leva-me sempre pra perto de ti. Ela sempre existiu, sempre, pois já a encontrei pronta, botei alguns tijolos, tapei alguns buracos, mas sempre esteve ali. Com árvores enormes, numa delas com um balanço usado, antes estávamos lá, bem antes. Com quartos com grandes janelas onde o sol entra sem pedir permissão, onde de lá posso ver até onde a minha visão humana vai, e quando chove, posso deitar fechar meus olhos e sentir seu abraço e as batidas teu coração. Lá pus tudo que te faz bem, e tiro o que você quiser. Está fortaleza que nunca vai cair. Tempestades, ciclones, nada. De lá posso ouvir o Mar. Ali vou repousar. Vou plantar o que você quiser e ver crescer.
Foi uma noite, aquela noite, a melhor escolha que podia fazer. Um dia ouvi que não há acasos, então sorri porque entendi que o que houve era pra ser. Aprendi muito de mim, muito de ti. Entendi o que quer dizer mesmo amar uma pessoa que não está na terceira pessoa, ou quarta, que é primeira pra mim. Sim vou contar e recontar aquela noite a quem me pedir. Quem acertou de verdade não foi eu, foi Você.
Vejo nos teu olhos o que de mim reflete...
A.A.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Mudança

Mudança. Eu pergunto quem não se assusta com esta palavra? A mim é pavor completo, então alguém diz, mas é uma mudança boa... Não importa, pavor, pavor. E de manhã cedo alguém me fala de certezas, e descubro que dentro de mim tenho poucas delas, uma fração infinitesimal delas, porque tudo, absolutamente tudo é relativo, mutável, menos certas coisas, exceções, cotidiano, saudades. Um homem vem e me diz sobre como não ser assim tão medíocre, medíocre? Quem disse que admito isso? Na verdade eu fico olhando pro meus pés enquanto espero o ônibus pra ir ao estágio, e de repente percebo que adoro falar palavrões, sim gosto, falo-os todos os dias sempre quando posso e me permite o lugar, mas não consigo escrevê-los. Digo p... merda pra troçar com alguém, mando ao c... qualquer coisa, mas não escrevo a palavra inteira. Isso é uma contradição, ou pior demonstra uma trava, quero escrever mais tenho travas, PQP! Não deveria ser assim, não posso ser assim. Mas não escrevo piadas, e sim histórias absurdas, com personagens absurdos... Analise: pessoas comuns são absurdas, logo escrevo sobre estas mesmas pessoas comuns... Certo? Certo! Pessoas normais não são assim tão polidas, educadas, formais... Oh, céus? O que há de faltar nesta mente tão comum e normal de outrem. Tudo bem, é só o primeiro texto, precisa de corpo – e que corpo – ter três olhos (Shiva), dez braços, e duas pernas, mas o que penso eu? Quem vai ler? Incógnita. Existe louco pra tudo nessa vida. Sou prova parcial desta afirmação.
O ponto inicial desta movimentação é uma inquietação corrosiva, pois se não dou ouvidos a ela fico mal, me dá dor de cabeça. Sim eu ia desistir, porque chegou a um ponto em que não consigo continuar, esgotou a imaginação, daí espremo o miolo, meia página, uma inteira e só... Volto leio o início, tão redondo, encaixado, perfeito, e olho as últimas páginas, minha Shiva ainda não possui seu terceiro olho (Shiva tem três olhos? Se não têm a minha Shiva têm!), nem braços a mais, confunde-se com qualquer piriguete da zona lerte... A pergunta é: Sei fazer esta coisa? Ontem estava eu toda convencida que sim, hoje tenho lá minhas dúvidas e sei que amanhã vou desistir, pra depois de amanhã no meio da rua decidir que vou continuar com isso e quem sabe dar sorte de alguma pessoa ler e até gostar e dizer: Ahmmm, sim dá pra publicar sua boneca...
Digo isso, pois o único que lê o que escrevo é o Coração (pelo menos ele é o único que fala que lê), até gosta apesar de ser suspeito em dizer, porém é quem lê, meu leitor, o primeiro. Daí ele ganha uma fotinha no meu PC com uma moldurinha fofa, com os dizeres: Leitor Nº. 1. E uma vez sentada na frente do monitor a espremer o miolão, imaginei várias molduras, dei um sorriso sacana. Pretensiosa... Ah, é! Para ele sou sofisticada. Esta pessoa (ele não gosta disso) é um amor. Mas no sentido pessoa ele é o que é, pêra aí e a história? É verdade, desculpe caro leitor que teve paciência de ler até agora. Acredita que uma vez, que não lembro, vi certa pessoa, que não sei quem é, dar dicas de como tornar seu blog popular, cool. Uma das dicas estúpidas é: nada de textos longos, pois ninguém tem paciência de ler. Sim então suponho que o visitante do blog possui um intelecto tão profundo quanto uma poça de lama. Suponho também que talvez esta mesma guru “de como tornar seu blog famoso” não escreve lá muuuiiittooo bem, com a desculpa de querer cansar o “leitor” de sua página virtual. Suponho ainda que esse “ninguém” não me inclui. Suponho exaustivamente que meu blog é careta, cansativo e testa a paciência do bisbilhoteiro de internet aculturado. Eu sou... Deixa pro próximo post.
A.A.


terça-feira, 27 de maio de 2008

Perdição

Perco a ordem das palavras
Mas não o sentido delas
Saber que o melhor lugar do mundo
E com o ouvido colado no teu peito
Onde o ouço as batidas disparadas
Perco o lugar
Mas não o momento
Pois não existe tempo melhor
Esse tempo que reparte os mundos
Do que pousar minha alma no teu espaço
Perco meu sono
Mas não meus sonhos
Perco meu riso, mais nunca a minha alegria
Perco-me nos teus olhos
Mas nunca no teu coração.

A.A

terça-feira, 20 de maio de 2008

Amor pra recomeçar



Frejat
Composição: Frejat/Mauricio Barros/Mauro Sta. Cecília


Eu te desejo

Não parar tão cedo

Pois toda idade tem

Prazer e medo...


E com os que erram

Feio e bastante

Que você consigaSer tolerante...


Quando você ficar triste

Que seja por um dia

E não o ano inteiro

E que você descubra

Que rir é bom

Mas que rir de tudo

É desespero...


Desejo!

Que você tenha a quem amar

E quando estiver bem cansado

Ainda, exista amor

Prá recomeçar

Prá recomeçar...


Eu te desejo muitos amigos

Mas que em um

Você possa confiar

E que tenha até

Inimigos

Prá você não deixar

De duvidar...


Quando você ficar triste

Que seja por um dia

E não o ano inteiro

E que você descubra

Que rir é bom

Mas que rir de tudo

É desespero...


Desejo!

Que você tenha a quem amar

E quando estiver bem cansado

Ainda, exista amor

Prá recomeçar

Prá recomeçar...


Eu desejo!

Que você ganhe dinheiro

Pois é preciso

Viver também

E que você diga a ele

Pelo menos uma vez

Quem é mesmo

O dono de quem...


Desejo!

Que você tenha a quem amar

E quando estiver bem cansado

Ainda, exista amor

Prá recomeçar...

Eu desejo!

Que você tenha a quem amar

E quando estiver bem cansado

Ainda, exista amor

Prá recomeçar

Prá recomeçar

Prá recomeçar...

domingo, 18 de maio de 2008

Cegueira


Então não existe verdade sem dor.
Qual cegueira me guiaria para longe...
Longe desse abismo de mim mesma.
E qual vento seguraria minhas mãos,
Enquanto fecho meus olhos durante a queda.
Sem bater nas rochas,
Sem sentir o ardor nas feridas...
Sem o escuro desse mar de dentro.
E a tolice é quem me paga,
Por jogar-me em recantos desconhecidos.
E não fez-se sol, e nem chuva.
Nem verdades, e nem mentiras.
Somente a cegueira de amar
A.A.

sábado, 17 de maio de 2008

Já vou pra casa agora?

20:56 e não sei se vou pra casa agora...

Já vou pra casa

Hoje é a noite e não sei o que vai em mim agora. Minhas lágrimas querem sair e eu não sei bem porque. Meus dedos doem. Minha mente está dormente, inflexível. E o que vai em mim? Não sei sorrir só....

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Idéias

Faz um tempo que não ponho minhas idéias no lugar, assim como faz um tempo que não penso em antigas idéias. Na verdade faz um tempo em muita coisa na minha vida e creio que de uns anos pra cá tenho tido outras aspirações ou inspirações, ainda não posso definir.
Lembro-me de quando era mais jovem ter uns pensamentos bobos, egoístas sobre a vida. Ou seriamente não entendia o que habitava em mim, supõe-se que hoje saiba, e de certa forma entendo o que me levou a ser uma criança tola. Curiosidade. É de fato um tipo de combustível que me impulsionava para frente, curiosidade do mundo, curiosidade das idéias e pensamentos. Tudo era tão rápido nessa minha cabeça torpe – como ainda é – que as vontades empurravam umas as outras e a mais forte vencia, naquela época a que sempre ganhava era a curiosidade pela “liberdade” e seus benefícios aparentes, ora eu precisava entender a vida com ela, a vencedora, porém tudo tem seu preço e confesso que fui indolente ao prenuncio disso.
Hoje não sou mais uma criança tola, sou uma mulher tola. Senti o preço da liberdade fantasiosa e agora aprendo a me dar com a concreta, o combustível agora é outro: e o pensar e crescer, mas de uma coisa tenho plena consciência tudo que fiz e vou fazer daqui em diante, eu decidi. Eu aceitei. Eu escolhi.
Agora minhas idéias conversam e decidem quem vai primeiro, apesar de uma confusão, mas no meu meio me acho, disso tenho plena certeza.
Tudo faz parte do meu ambiente, porém não caibo em ambiente nenhum, a não ser aquele que propriamente construí.
***
"I'm sorry, two words
I always think after, oh you're gone
When I realize I was acting all wrong"
So sorry_Feist

A.A.

sábado, 26 de abril de 2008

Borboleta

Composição: Alceu Valença

Ela é uma borboleta

Pequenina e feiticeira

Anda no meio da noite

Procurando quem lhe queira

Minha camisa

Foi manchada de vermelho

Tem um beijo desbotado

De batom ou de carmim

E a feiticeira

Tem a boca encarnada

E um beijo e uma dentada

Sempre guardados pra mim

Eu procuro a borboleta

Feiticeira, descarada

Pelo batom na camisa

Pela marca da dentada


*Posso ser sua borboleta também?

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Assovio metálico

Andava por sobre a terra vermelhar
Ouvia assovio metálico que guia meus passos
Nos compassos sem proporção

Olhava os galhos retorcidos de ninguém
Toquei o ar na esperança de chegar
A um lugar mais além, na vida de outrem.

Cantava sem tempo, o ritmo compadeceu-se
Via as passadas restantes ditarem o andar
Sentia o ar querer me abraçar

Consumado, sobre a terra nos meus pés
Preguei o dito dos santos
E dei-me ao demônios

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Talk Tonight

Oasis

Sittin' on my own
Chewin' on a bone
A thousand million
Miles from home
When Something hit me
Somewhere right between the eyes

Sleepin' on a plane
You know you can't complain
You took your last chance
Once againI landed, stranded
Hardly even knew your name

I wanna talk tonight
Until the mornin' light
'Bout how you saved my life
You and me see how we are
You and me see how we are

All your dreams are made
Of Strawberry lemonade
And you make sure
I eat today
You take me walking
To where you played
When you were young

I'll never say that I
Won't ever make you this
I'll sayI don't know why
I know I'm leavin'But
I'll be back another day

I wanna talk tonight
Until the mornin' light
'Bout how you saved my life
(You saved my life)
I wanna talk tonight
(I wanna talk tonight)
'Bout how you saved my life
(I wanna talk tonight)
'Bout how you saved my life
(I wanna talk tonight)
'Bout how you saved my life
(I wanna talk tonight)
'Bout how you saved my life

I wanna talk tonight

*Para a noite de ontem.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Sonhos...

Abril começou com chuvas, tenho me acostumado a repentina mudança de clima e habituar-me a sentir frio nos meus pés. Mas Abril está tão rápido, é um atropelo de minutos e segundos, de momentos bons e uns não tão assim. Ia esquecendo, o sol surge ultimamente implacável, e a velocidade aumenta, pois as partículas agitam-se, aprendi isso em física. Átomos, cargas, partículas, fragmentos, partes, coisas... Tudo parece tão difícil na normalidade comum desses dias, porém quando a menção de que seu tapete será puxado, faz crer que seus problemas não são assim complicados, pelo menos diante da gravidade de uma outra coisa.
Seria um blá-blá-blá interminável, me descontrolo muito fácil, mas é ai que está o segredo da coisa, da confusão vem à bendita razão. Sou assim, quanto mais complicado é, mais fico atordoada, o que leva racionalizar e tomar uma decisão efetiva. É o que muitos acreditam ser o “funcionar sobre pressão”, no meu caso emocional. Daí vem alguém e fala de sanidade. Esquizofrenia. Psicose coletiva. E o calor faz isso aumentar, mas a chuva vem para aplacar um pouco essa ânsia de loucura. Desconto todos esses maiores e pormenores nas palavras, pobres coitadas, levam surras da minha dislexia e teimosia de escrever a punho, o que há de se fazer? Nada. Ou alguma coisa... E um sorriso lânguido no canto da boca torna-se perceptível, segundo a visão arguta de uns transeuntes que tem uma soma parecida, quantos palmos para medir do pé até a cabeça?
Recordei-me de sonhos, estava dormindo é claro, mas ao mesmo tempo acordada (como pode?). Ouvia musica ao fundo, pessoas sorriam e de repente vi-me sentada em uma cadeira, não conversava, calada, sentada sozinha, com um olhar tão distante – longe mais do que a imaginação pode entender – segurando um copo cheio de vinho com as duas mãos, pousadas no meu colo. Tinha luzes lanternas chinesas, pessoas felizes, mas eu não estava feliz... Depois o sonho mudou, acordava em um quarto branco, limpo, que no canto havia uma penteadeira antiga feita de madeira escura, do lado oposto um quadro de uma menina. Deitada sentia um aroma familiar – perfume – levantava e seguia este cheiro pelos corredores de uma casa, bem iluminada e de piso de madeira, escura como a madeira da penteadeira... Novamente mudou, não estava mais naquela casa, estava sentada em uma pedra, olhando o breu da noite, alguém tocava e eu cantava. Sempre quis cantar, porém acredito que isso não é muito um dom pra mim, ou mesmo é só uma lembrança de uma vida passada. E ontem uma mão segurou a minha enquanto dormia, essa mão com pele envelhecida pelos atropelos do tempo, cheia de calos da lida, neste sonho alguém veio e estendeu a mão, e não fiz-me de rogada, agarrei-a como se fosse a única saída para acordar. E acordei. Olhando pro teto...
A.A.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Resposta

Ele me disse que poderia fazer o que quisesse...

Vou te dizer como chegaste no alto do galho minha pretinha

Foi batendo asas tal qual passarinha

Vou te dizer que não caminha com os pés

Porque pra você é importante estar além do atraves

Vou te dizer dindinha tua falta nos lados de terra de cá

Se eu soubesse dos teus dons teria bem antes me inventado à voar

Quem sabe um dia pretinha com a ajuda do vendo soprando pro norte

Eu teria a sorte de um dia contar com bolsões de ar de olhinhos fechados te beijar...

L.M.

terça-feira, 15 de abril de 2008

arvore

Estou sobre o galho desta arvore.
Observando as cores do dia.
Não sei cantar e nem mesmo voar.
Como parei ali?
Acho que sonhei...

De cima vejo os homens pequenos
Aprecio as grandes composições.
Fecho os olhos e sinto, na pele do meu rosto,
O calor.

Arrasto as minhas mãos pela casca,
Da minha protetora.
Quero ter raízes profundas.
Quero ser alta, com vastos galhos.
Dar frutos e vê-los alimentar
Ou cair, germinar e me acompanhar.

Meu coração bate acelerado.
Como a vida que está ao redor.
Porem sou um apêndice em algo vivo

Não sou pássaro...
Não sou fruto...
Sou só um alguém no galho de uma árvore.
Cheia de pesar, coberta de angustia.

Pousando os olhos nos passantes,
Sem coragem de com os próprios pés,
Voltar ao chão.

Sem aquele peso...
De ser quem sou
E não pedir permissão para o ser.

A.A.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Noite

Pensamentos que advem da sonolência, hoje junto os pedaços de uma noite atras, portanto minhas percepções não estavam alteradas, ou claramente estava mais lucida do que nunca. Partes não aletórias de momentos, e marcantes em todo o trajeto. A noite era translúcida, usei a palavra sem saber se caberia ou não, porque as estrelas eram perceptiveis, porém uma nuvem as fazia reluzir diferente, talvez até não coubesse, ou eu na minha ânsia de exprimir minha serenidade foi a primeira palavra que pensei. Ele concordou, olhava aqueles olhos e os via como verdadeiras janelas, engraçado pois tudo adquiria um tom acolhedor, até aqueles olhos. Lembro de quando por alguns minutos estar sozinha respirar bem fundo, para absorver o mais que pudesse daquele lugar, e depois observando as palavras saindo, pairando por ai na noite pensei em quantos momentos como aquele as estrelas haviam percebido, tantos, mas aquele pertencia a mim e a ele. O que mais havia além dali? Tudo, um mundo inteiro dentro do meu peito, ou canções completas, tocando, mas todas em harmonia com aqueles olhos, ler o que ele dizia, ouvir sua paixão.
A lucidez fez-se no primeiro gole, como no abraço que pegou de vez o que ainda escondia-se nos meandros do meu coração. Não estava triste pelo contrário, era a paz em mim, como algo vivo, uma terceira personagem a observar o sorriso largo que fazia-se na face diante dela. Era a verdadeira poesia, nascida e criada, feito humano com seus defeitos e primazias, tudo reunido naqueles olhos. Perguntei ao autor disso tudo certa hora, ele me respondeu: está na sua frente, o motivo. E o que o tempo quer provar, ou que quer me dar, não sei, mas recebo de bom grado tudo que vier do dono daqueles olhos, com estrelas em noites calmas, areia que cintila, vento tranquilo e frio as testemunhas do que somos.
Os pedaços estão unidos e sempre estiveram...
*Foto da Cachoeira das Orquídeas em Presidente Figueiredo.
A.A.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Poesia

A poesia tem vida.

Possui fala e canto,

Nos cantos a meia luz.

Em copos meio vázios.

Em rua súbitas e perdidas,

Ao sabor da noite,

E dos serenos melancólicos da estação

A poesia me toca, entorta

E adoça meu paladar.

Toda vez que o beijo, o vejo e o cheiro

A poesia tem nome...

Chama-se Coração.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Medida das coisas


Pessoas são sempre pessoas. Menos que isso são apenas pedaços de carne falantes que andam.
A.A.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Tempo por perto.

A despedida é sempre insolita, na verdade uma profusão de pensamentos e sentimentos. Digo porque se tem a vontade de dizer tudo que está guardado e mesmo que fale algo, depois ainda sente que não disse tudo que devia. Tão complicado essa parte da vida, falo pelo que percebi do Coração, foi difícil e disse a ele que aquela madrugada daria bons poemas, rendeu umas palavras:

Um dia ou noite não importa.
Sentir tudo de uma vez a deixar que vá.
Cresca longe e mesmo assim perto de mim.
Divide a mesma morada invisível de poucos.
Permita então uma nota - sou parte e não um todo.
Porém qual pedaço de mim cabe a quem escolhi?
Tudo do fragmento de um alguém.
Que planta suas sementes com o carinho,
E rega com as lágrimas da saudade.

*Amor desculpa se este o post for invasivo.

terça-feira, 25 de março de 2008

Octopus's Garden

Antes dormir relembrei certas coisas. A minha memória não é lá essas coisas porque esqueço tudo muito rápido, e em se tratando da minha infância vale o pouco está nota. No entanto num esforço para recordar como foi meus anos de criança lembrei da época em que morava no Núcleo 15 – Cidade Nova – período que compreende dos 5 aos 18, dá-se aí mais de uma década, entretanto vou me prender mais dos 7 aos 14, acredito que as lembranças mais fortes são por essa idade.
Quando chegamos no “quinze” (carinhosamente falando), na Rua 174 só haviam três casas habitadas contando com a minha, morávamos em um embrião de dois quartos e daí minhas primeiras lembranças eram estar sentada a porta de casa e observar a solidão da rua e sinceramente isso deixava-me chateada. Mais tudo isso logo mudou, cresci e na mesma proporção o “meu” bairro também, então todo aquele lugar abandonado e até um pouco assustador começou a abrigar vidas como a de pessoas da mesma idade que eu. Minha mãe bem que tentou segurar-me trancada em casa, mas foi vencida no cansaço e juro que ainda hoje converso com ela sobre isso, afirmo não entender a sua disponibilidade em deixar-me solta na rua. Desta forma aproveitei: pulei muros pra roubar goiaba, manga e jambo, brinquei de bola (chutava a canela de quem podia), stop, mata e manja esconde (é como se diz por aqui), fui ao matagal encher um monte de saco de padaria com maracujá - do- mato. Tentei empenar papagaio, mas só deixava meu irmão fulo comigo porque os outros moleques cortavam sem dó nem piedade, apostei corrida de bicicleta, corri na chuva, enfim usei bem meus momentos de “liberdade” enquanto criança.
Daí da profusão de memórias de repente veio uma outra lembrança: ao fim da tarde destes dias quentes, aos sábados ou domingos, quando meu pai não saia, ele sentava-se numa espreguiçadeira velha colocava seus LPs ou CDs dos Beatles e começava cantar. Todas as vezes que fazia isso eu me aproximava sentava perto e junto tentava acompanhar com a minha voz infantil o tom do meu pai e da musica. Seguíamos os encartes pra poder entender e pronunciar direito, marcávamos os tempos, os compassos das musicas, entre uma pausa e outra pra tomar água contava histórias sobre a banda. Pelo meu pai descobri que existia um lugar chamado Liverpool e que Paul, Lennon, George e Ringo eram os nomes dos quatro carinhas nas capas dos Lps. Ele sempre gostou de musica e ainda gosta, aprendi a gostar muito de Beatles por causa dele, aprendi a gostar de musica por causa dele. Hoje ouço Octopus's Garden, canto e recordo que essa canção cantavamos juntos e a sabiamos de cor, ele me dizia: Gosto muito dessa musica – sorria pra mim. E hoje respondo: Também Pai, essa é a minha musica preferida.
A foto acima é da polêmica capa do disco Abbey Road de 1969.
A.A.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Margaridas como eu

Adoro margaridas...

Parecem comigo, todas meio bagunçadas.

terça-feira, 18 de março de 2008

Desta forma.

Vicent Van Gogh_Campo de trigo verde
O espaço e o tempo, unidos ou soldados,
Por coisas que nem o pensamento pode mensurar
Existe um elo que faz ambas as coisas fundirem-se
Então nem espaço e nem o tempo é capaz configurar
E não pertence nem a mim e nem a você contar os segundos,
Mistificar as cores, matizes, pois o que torna tudo tão belo.
É o não saber do amanhã, e ter a esperança permanente.
De que sempre poderei transforma em um o que divide em mim.
A.A.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Girl

The Beatles
Composição: Indisponível

Is there anybody going to listen to my story

All about the girl who came to stay?

She´s the kind of girl you want so muchIt makes you sorry

Still you don´t regret a single day

Ah girl! girl! girl!


When i think of all the timesI´ve tried so hard to leave her

She will turn to me and start to cry

And she promises the earth to me

And i believe her

After all this time i don´t know why


Ah girl! girl! girl!


She´s the kind of girl who puts you down

When friends are there

You feel a fool


When you say she´s looking good

She acts as if it´s understood

She´s cool oh! oh! oh!


Girl! girl! girl!


Was she told when she was young

That pain would lead to pleasure?

Did she understand it when they said

That a man must break his back

To earn his day of leisure?

Will she still believe it when he´s dead?


Oh girl! girl! girl!

quarta-feira, 12 de março de 2008

Ato I – O Lobo Negro.

Era 19h16min no meu relógio, mas ele é 15 minutos adiantado então suponho que era 19h01min. Ontem há essa hora eu deveria estar lá na redação, na frente do meu computador ligando feito um louco atrás daquele desgraçado, pra conseguir o furo da minha vida. Mas não estava, pois ele não atendia, nem ele e nem meu outro informante, isso seria até normal se o outro não estivesse numa foto na página policial do meu jornal, morto, a matéria dizia: “Mendigo encontrado morto no banheiro da estação de metrô” e segundo a polícia foi um suicídio. Não duvido disso, o cara era meio pinéu, falava de conspirações internacionais, me passou um pen-drive com informações desconexas e acredito que aquela porcaria toda está em códigos, cujo meu informante principal sabe decifrar, mas ele é um rato! Nunca o vi diretamente apenas uma visão em uma distância considerável e em lugares públicos. As informações eram passadas por envelopes que a cada encontro mudavam de cor, como se avançasse um estágio. O primeiro envelope era preto e foi me dado em uma lanchonete no shopping da cidade Ele era de estatura media vestia uma roupa preta com capuz, para que eu não pudesse ver seu rosto e nas mãos usava luvas, ali não chamava muita atenção porque ao seu redor tinha um monte de adolescentes afetados vestidos de forma tão estranha quanto ele, sentei numa mesa bem de frente, ele levantou e entregou o envelope junto com um bilhete: “Não olhe para trás!”. Se isso era um joguinho, por que não jogar? Pensei isso naquela época, antes do “Doutor” como auto denominava-se ser encontrado com os pulsos cotados no banheiro de uma estação de metrô.
E foi por um envelope laranja que conheci o Doutor, na estação nº. 34. Um homem baixinho, um pouco gordo, na faixa dos 40 anos, meio careca e com um cacoete esquisito, ficava tremendo a cabeça de minuto em minuto, o que me irritava bastante. Ele me reconheceu assim que desci do metrô, pegou-me pelo braço e foi logo dizendo que tudo aquilo era maior que um bombardeio aos Estados Unidos, que o mundo iria conhecer os verdadeiros monstros. Eu achava aquilo tudo muito cômico pra dizer a verdade, embarquei nessa porque ao investigar encontrei realmente algumas empresas fantasmas e também com a ajuda de uma ex umas contas estranha de envio de dinheiro pra essas empresas pelo governo central, mas aquele cara não passava nenhuma credibilidade até então de suas informações. Isso era o que achava até ele me dar senhas do sistema de segurança do governo, até ele dar nomes de pessoa importantes envolvidas.
Verdade essa seria uma matéria gigantesca, megalomaníaca pode-se dizer, porém o baixinho morreu e isso me deixou preocupado, na verdade apavorado. Queimei todos as papeis que ele me deu, e rezo pra que nenhuma daquelas pessoas no metrô falem, comentem ou se quer lembrem de mim. Por isso sai do jornal antes do meu horário, meu chefe ta me pressionando e eu não sabia o que dizer mais, minha cota de desculpas havia acabado e queria desistir disso tudo antes que uma merda maior acontecesse. Ponto. Naquela altura já tinha bebido o terceiro copo de chop em plena quarta-feira.
Pensava nisso tudo, os carros naquele vai e vem e eu lá ferrado. Poderia ter escolhido ser medico, brincava tanto disso quando era menino, mas não queria ser como o meu pai, ou melhor, supera-lo, ele com aquela arrogância de senhor verdade e grande jornalista de todos os tempos, ainda hoje têm uns otários na redação que sacaneiam com o meu nome, Junior, minha mãe, aquela mulher maravilhosa amava tanto aquele cretino que colocou o mesmo nome no filho. Lógico que essas afetações minhas um bom psicólogo explicaria, e encheria os seus bolsinhos com o meu dinheiro suado, no entanto não tenho tempo pra isso, e acho que vou morrer com essas neuroses misturadas com outras da vida moderna e blá-blá-blá.
E pra afogar minhas frustrações fui no bar de sempre , geralmente vou nas quinta e sextas, só que abri uma exceção ontem. O pessoal da literatura pintura e outras coisas circulam por lá também, claro todos com suas opiniões exemplarmente importantes, uma vez um amigo meu muito bêbado gritou bem alto: “Seus intelectuais de merda, bando de bunda-mole...”, foi pro meio da rua em frente ao bar arriou as calças e mostrou a bunda pra quem quisesse ver, bom os escritores, poetas, pintores, músicos acharam graça e nem se incomodaram com o protesto inflamado do meu amigo. Quer dizer, entenderam o que ele quis dizer e que tinha razão de estar puto com os pensadores daquela sociedade, mas a carapuça serviu e combinou com o que vestiam, sendo assim tudo bem. O que quero dizer e que sempre vejo ali as mesmas pessoas, o mesmo movimento: garotas novinhas que querem transar com carinhas de banda, ou com carinhas que escrevem – admito que já comi algumas delas – poetas velhos que vem aqui pra beber sua cerveja e catar essas gurias, bêbados, drogados, todos cultos, cheios das mais belas palavras. Saco! Já era meu sexto chopp, queria ficar porre.
Nada de novo até que. No cantinho do bar vi aqueles olhos castanhos, na direção dos meus, reparei que na mesa dela não tinha nada só um copo de água. Uma moça magrinha, de cabelo curto e muito desgrenhado. Levantei e fui em sua direção. Quando cheguei perto antes de perguntar ela soltou um: “Pode sentar”. Eu estava maluco, lascado e paquerando num bar! È, sou maluco, contudo ela era diferente, pelo menos não estava rindo feito uma idiota e fingindo entender o que os pseudo intelectuais diziam, ela só estava lá sentada e deu-me um arrepio ao pensar que estava a me observar.
- Como você se chama?
- Não tenho nome...
Foi o que ela me respondeu, fiz minha cara de incrédulo sorri, mas ela permaneceu séria.
- Como assim você não tem nome?
- Simples, não tenho um nome comum...
- Hum... Mas então você tem um nome diferente. – “Claro seu idiota!” pensei.
- Me chamo Lobo...
Não agüentei, soltei uma gargalhada e bem alta.
- Lobo! Quem colocou esse nome em você?
Ela muito seria e com o olhar fixo no meu respondeu:
- Eu mesma...
Pronto assim começou aquela noite, quando ela disse essas palavras, sua mão começava a passear pela minha coxa por cima do jeans, respirei fundo. Seria uma loucura completa, foi uma loucura completa! Eu não resistia aquele olhar, e suas mão por baixo da mesa ia e volta na minha coxa, e isso me deixou muito excitado, tanto que não me controlei e perguntei.
- Lobo... Quer ir a um lugar comigo?
- Vou pra qualquer lugar com você...
Caraka! Loucura! Fiquei doido, levantei-me e ela me seguiu, pegamos um táxi na esquina indo em direção a meu apartamento, no caminho nos beijávamos e minhas mãos tocavam seus seios, pernas, barriga, não nessa ordem, portanto como vulgarmente fala-se, estava em ponto de bala. Chegando ao prédio pegamos o elevador e com a mesma empolgação do táxi passamos andar por andar até chegar ao oitavo. E lá no meu apartamento, o número 813, intensifiquei mais minhas caricias e beijos, uma reciprocidade gostosa mantinha-se entre nos, levei ela até meu quarto e quando minhas mãos descobriam aquele corpo, percebo no seu braço direito uma tatuagem, fixei meu olhar, pois queria entender o desenho, era a face de um cão, ou melhor, um lobo negro, de olhos amarelos. Aquela tatuagem prendeu minha atenção e sentidos, a situação começou a fugir de controle. Não conseguia desvencilhar-me daquela figura, apertei o braço, percebi sua pele pálida seu corpo aparentemente frágil e magricelo e ao contrário da minha observação, a excitação ia embora. Lobo percebeu isso e com suas mãos levou meu rosto ao encontro do seu e disse sussurrando: “Este é o Lobo Negro... Essa sou eu...”.
Minha alma começou a queimar novamente, sentia o fogo no peito e em cada centímetro do meu corpo. Beijou-me com uma vontade avassaladora e fez com que os resquícios de resistência sumissem por completo, sentia o calor da sua pela junto a minha. Com a permissão dela invadi-a e em muitos momentos nossos olhares encontravam-se, nesses momentos o tempo e as minhas preocupações sumiam, era somente eu, ela e o ritmo do nosso gozo. Foi assim durante algumas horas até eu me render ao cansaço e desmaiar de sono.
Isso tudo aconteceu ontem. Hoje acordei pela manhã e nenhum sinal de Lobo, como se nunca estivesse estado aqui no meu quarto, um sonho. São 08h04min e preciso ir ao trabalho, a garota foi embora, aproveitou meu sono pesado e evaporou, e nunca mais vou vê-la. Será? Sim vou vê-la, porque quando entro no banheiro encontro escrito no espelho com pincel preto: “Lobo, 21h30min no mesmo lugar”. Se vou morrer hoje nesse horário? Não sei. Se vou pra cama com ela de novo? Não sei. Tudo depende muito, estou curioso e sinto que esse é mais um jogo, o qual preciso jogar. Se for perder ou não, quem sabe? Eu vou pagar pra ver.
A.A.
Ps: esse não é o conto.

sábado, 8 de março de 2008

Noite

Gosto da noite, por mais que não a aproveite devidamente e antes de chegar em casa no trajeto, dou passos bem lentos. Costumo cantar nesse poucos minutos que antecedem a minha casa, canto de tudo, até umas músicas que ouvia quando era pequena na companhia do meu pai. Às vezes paro um pouco e olho pra lua, ela sempre está ali de frente pra mim, acompanhando toda a minha caminhada, uma amiga que muda a seu formato, mas sempre estará lá. A chuva também tem tido uma presença encantadora, parecem estrelas caindo quando as olho a favor da luz noturna, lembram-me momentos.
Preciso terminar um pequeno conto e posta-lo, porém não consigo dar um desfecho decente, acho que vou caminhar mais pela noite, outra fonte de inspiração...

terça-feira, 4 de março de 2008

O ritmo...


Qual é o meu ritmo?
Aonde vai a minha calma?
Por quantas estradas mais vou caminhar
Até chegar...

Em que lugar perdi a coragem,
Nas esquinas, onde vi olhares,
Ouvi vozes, abandonei minha alma.
Sozinha...

Não sei por que chove as lágrimas
Não entendo aonde vai à calma
A paciência cobrou caro
O único bem que tinha...

Deixei de mim e não voltei mais
As pergunta que me faz
Delas, resposta, não sei mais
O porquê...
A.A.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Anyone Else But You


Your part time lover and a full time friend,
The monkey on the back is the latest trend,
Don't see what anyone can see,
In anyone else,
But you
Here is a church and here is a steeple,
We sure are cute for two ugly people,
Don't see what anyone can see,
In anyone else,
But you

We both have shiny happy fits of rage,
I want more fans, you want more stage,
Don't see what anyone can see,
In anyone else,
But you

I'm always tryin to keep it real,
Now i'm in love with how you feel,
I don't see what anyone can see,
In anyone else,
But you

kiss you on the brain in the shadow of the train,
I kiss you all starry eyed,
My body swings from side to side,
I don't see what anyone can see,
In anyone else,
But you

The pebbles forgive me,
The trees forgive me,
So why can't,You forgive me?
I don't see what anyone can see,
In anyone else,
But you
Du du du du du du dudu
Du du du du du du dudu
I don't see what anyone can see,
In anyone else,
But you.

domingo, 2 de março de 2008

Sábado, saudades...

Também me sinto pesada agora. Perdoa-me Coração

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Ensaio intimista sobre o amor.

Gustav Klimt_Amor

O que explica o amor? Creio que sua definição no dicionário é bem objetiva: do latim amore. Sentimento que predispões alguém a desejar o bem de outrem (Dicionário Aurélio, 2004). Porém em nossas vivências esse predispor significa muito mais, ou seja, superar o individualismo e vai além do que uma simples definição objetiva com palavras. Amar é um ato, um estado, e venho a crer que constante também, por mais que visivelmente não apareça ele está lá em algum lugar do pensamento humano.
Dado que o amor é uma característica exclusiva da nossa espécie e se expressa de maneiras indefinidas. Já ouviu dizer que o amor tem suas muitas faces? Ele transmuta, permuta, camufla e por ai vão os verbos atrelados a ele. Para Schopenhauer, por exemplo, este sentimento é oriundo da vontade do cosmos, é o que impulsiona o homem a perpetuar sua espécie através do ato sexual, o José olha para Maria, se apaixonam, amam e criam à futura geração e então o amor e um tipo de estratagema da vontade geradora para que nós possamos povoar o mundo, já dizia Machado: “Não tive filhos, não transmiti a nenhum ser o legado de nossa miséria.”
Schopenhauer amou? Será que ele sentiu esse engodo e mesmo assim deu de ombros para sua metafísica? Pergunto também a quem amou, e a quem ama. Pode ser que seja uma verdade absoluta, se é que isso existe, porém acredito que o amor não é tão somente isso, sem atribuições religiosas, um outro exemplo é Jesus que amou incondicionalmente, tanto os seus como seus algozes, sem a intenção de perpetuar seus genes, ele mostrou o Ágape ao mundo, então sem ignorar essa parte da história do amor, presumo que há dois pesos e duas medidas. Essa palavra não compreende explicações definidas, porque para cada um ele se manifesta de forma diferente, para cada ser ele significa uma coisa, falei de verbos atrelados, põe-se a interpretação individual do que é. E mesmo assim com uma opinião sua e própria ele ainda significa o não ter, amar às vezes, quer dizer só amar, como diz o dicionário querer realmente bem a um outro alguém e devo acrescentar, sem pedir nada em troca. Cada um encontra o seu “alguém”, salientando que ninguém pertence a ninguém, como ouvi de um monge famoso que aposto que você sabe o nome: “Amor é desapego, e a melhor forma de fazê-lo e dar liberdade a quem se ama”.
Seguindo essa premissa o amor é mais universal do que imaginamos, ele não tem uma definição especifica e faz-se presente em tudo. Você pode não entender o que motiva certos atos, mas analisando profundamente vê o real sentir daquilo, por bem o por mal, também pode motivar dor, tristeza e lágrimas, e isso vai do grau de amadurecimento de cada um. É um estado eufórico de felicidade, e ter esperança e não desistir jamais, a quem ler pode parecer como nos romances da 1ª geração, mas não floreio meus amores, amo-o pelo que é com seus defeitos o amo. E esta seja a chave para todo esse escrever, construir idéias e analisar pensamentos, amar pelo que você é e não pelo que poderia vir a ser, querer bem a tua essência porque foi ela que atraiu a minha, dar o que não pode ser dado, o coração. Sim reconheço em mim esta face do amor e junto alguns verbos negativos, não tenho a maturidade suficiente, mas não obidico esse direito meu de sentir-lo. Quero unir essas duas medidas e fazer uma só. E termino com as palavras de Machado: “Cada qual sabe amar a seu modo; o modo pouco importa; o essencial é que saiba amar".

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

O Palhaço Pirilampo Pipoca


Ele vem de longe
Canta e sorri suas histórias,
Mas no rosto pintado de branco
Uma lagrima azul
Da cor do mar
Profundo, fundo como a verdade já dita.

Ele caminha trovando,
Provando o que a vida tem
Com o chapéu roído pelas traças.
Os cabelos desbotados pelo vento
E toca o velho e puído violão
Carregado de musicar...

Toca o coração sem saber.
Vai além do que é palhaço.
Faz sorrir, mas também faz chorar.
Embola o sentir num só
Leva pra longe como ele
O que há de ter, amar...
O bom palhaço a sua platéia.
A.A.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Azul

Chagall _ A casa azul

Uma inquietação constante entre o ter, fazer e cria, não há ordem formal porque isso não tem ordem, é como uma obrigação acordar todas as manhãs e ser produtivo de algum modo. Como se as engrenagens das nossas idéias estivessem motivadas somente a isso, a criação. E tão difícil é que em muitos momentos torna-se um processo que não compreende etapas pré-definidas, mas sim uma enxurrada de pensamentos, um peso, um volume esmagador no cérebro. Assim tudo muito rápido, os olhos fecham e quando se abrem, está lá, pronto à espera que sua forma seja dada, persistindo até o fim dos seus dias, martelando como uma dorzinha de cabeça que se diz que é chata, mas sabe-se muito bem o que é: o projeto permanente e metamorfósico de uma vida.
Entrei em um processo complicado de criação, ele exige de mim um tempo considerável – 24 horas por dia – e ainda nem sequer está na metade, porque na verdade esse Frankenstein que estou criando é um somatório de percepções e motivações. Não quero afirmar que o material em si fala sobre uma introspecção, não sou filosofa, porém acredito que talvez seja um reflexo do que eu gostaria muito de ser, ou um fruto de uma época. No tocante a produção continua sendo um processo solitário e convenci-me de que seja preciso ser assim, tentando organizar histórias acrescentar pontos.
Quando comecei parecia mais uma brincadeira e depois me dei conta de que isso toma conta da sua mente e corpo, e que quando é deixado de lado transforma-se num inimigo a espreita, uma analogia nada romântica para descrever o abandono de uma inspiração. Por isso peguei em velhos arquivos, soprei a poeira de palavras que havia escrito há muitos anos, páginas e mais páginas de história e a velha disposição voltou, reviveu. O que mais posso esperar dessa cabeça oca que tenho? O que será reservado as paginas e mais paginas a serem escritas? Um dia o material vai ficar pronto, espero que esse gás todo perdure por uns bons meses e que pelo menos avance rumo ao fim, e faltando só umas frases eu queira descansar, ou termine de uma vez, mas não garanto que vá sair da “gaveta” da memória do meu computador, porque só em concluí-lo já vai me fazer muito feliz.
A.A.