Uma inquietação constante entre o ter, fazer e cria, não há ordem formal porque isso não tem ordem, é como uma obrigação acordar todas as manhãs e ser produtivo de algum modo. Como se as engrenagens das nossas idéias estivessem motivadas somente a isso, a criação. E tão difícil é que em muitos momentos torna-se um processo que não compreende etapas pré-definidas, mas sim uma enxurrada de pensamentos, um peso, um volume esmagador no cérebro. Assim tudo muito rápido, os olhos fecham e quando se abrem, está lá, pronto à espera que sua forma seja dada, persistindo até o fim dos seus dias, martelando como uma dorzinha de cabeça que se diz que é chata, mas sabe-se muito bem o que é: o projeto permanente e metamorfósico de uma vida.
Entrei em um processo complicado de criação, ele exige de mim um tempo considerável – 24 horas por dia – e ainda nem sequer está na metade, porque na verdade esse Frankenstein que estou criando é um somatório de percepções e motivações. Não quero afirmar que o material em si fala sobre uma introspecção, não sou filosofa, porém acredito que talvez seja um reflexo do que eu gostaria muito de ser, ou um fruto de uma época. No tocante a produção continua sendo um processo solitário e convenci-me de que seja preciso ser assim, tentando organizar histórias acrescentar pontos.
Quando comecei parecia mais uma brincadeira e depois me dei conta de que isso toma conta da sua mente e corpo, e que quando é deixado de lado transforma-se num inimigo a espreita, uma analogia nada romântica para descrever o abandono de uma inspiração. Por isso peguei em velhos arquivos, soprei a poeira de palavras que havia escrito há muitos anos, páginas e mais páginas de história e a velha disposição voltou, reviveu. O que mais posso esperar dessa cabeça oca que tenho? O que será reservado as paginas e mais paginas a serem escritas? Um dia o material vai ficar pronto, espero que esse gás todo perdure por uns bons meses e que pelo menos avance rumo ao fim, e faltando só umas frases eu queira descansar, ou termine de uma vez, mas não garanto que vá sair da “gaveta” da memória do meu computador, porque só em concluí-lo já vai me fazer muito feliz.
A.A.
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008
Azul
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Um comentário:
Olá, gostei do que li, eu senti uma certa semelhança com o meu jeito de viver, eu fico pensando aleatoriamente na vida e no que há compõem, as vezes me perco nesse abismo profundo que não há saída, confundo minhas percepções, tenho medo. Medo até mesmo de seguir adiante, tudo que eu penso e tudo que conquisto só me leva há um lugar, o Nihil.
Achei você muito fofa, eu não sou o único E.T na face da terra, acho fascinante conhecer pessoas como você, nossas vidas não se resumem em apenas viver o presente e desfrutar da realidade que não passa de mera ilusão, nós mergulhamos no pensamento, como se mergulha num oceano, a diferença está no fôlego, quanto maior a profundidade, maior o fôlego e maior a cede.
by Panda_wemmy
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