terça-feira, 25 de março de 2008

Octopus's Garden

Antes dormir relembrei certas coisas. A minha memória não é lá essas coisas porque esqueço tudo muito rápido, e em se tratando da minha infância vale o pouco está nota. No entanto num esforço para recordar como foi meus anos de criança lembrei da época em que morava no Núcleo 15 – Cidade Nova – período que compreende dos 5 aos 18, dá-se aí mais de uma década, entretanto vou me prender mais dos 7 aos 14, acredito que as lembranças mais fortes são por essa idade.
Quando chegamos no “quinze” (carinhosamente falando), na Rua 174 só haviam três casas habitadas contando com a minha, morávamos em um embrião de dois quartos e daí minhas primeiras lembranças eram estar sentada a porta de casa e observar a solidão da rua e sinceramente isso deixava-me chateada. Mais tudo isso logo mudou, cresci e na mesma proporção o “meu” bairro também, então todo aquele lugar abandonado e até um pouco assustador começou a abrigar vidas como a de pessoas da mesma idade que eu. Minha mãe bem que tentou segurar-me trancada em casa, mas foi vencida no cansaço e juro que ainda hoje converso com ela sobre isso, afirmo não entender a sua disponibilidade em deixar-me solta na rua. Desta forma aproveitei: pulei muros pra roubar goiaba, manga e jambo, brinquei de bola (chutava a canela de quem podia), stop, mata e manja esconde (é como se diz por aqui), fui ao matagal encher um monte de saco de padaria com maracujá - do- mato. Tentei empenar papagaio, mas só deixava meu irmão fulo comigo porque os outros moleques cortavam sem dó nem piedade, apostei corrida de bicicleta, corri na chuva, enfim usei bem meus momentos de “liberdade” enquanto criança.
Daí da profusão de memórias de repente veio uma outra lembrança: ao fim da tarde destes dias quentes, aos sábados ou domingos, quando meu pai não saia, ele sentava-se numa espreguiçadeira velha colocava seus LPs ou CDs dos Beatles e começava cantar. Todas as vezes que fazia isso eu me aproximava sentava perto e junto tentava acompanhar com a minha voz infantil o tom do meu pai e da musica. Seguíamos os encartes pra poder entender e pronunciar direito, marcávamos os tempos, os compassos das musicas, entre uma pausa e outra pra tomar água contava histórias sobre a banda. Pelo meu pai descobri que existia um lugar chamado Liverpool e que Paul, Lennon, George e Ringo eram os nomes dos quatro carinhas nas capas dos Lps. Ele sempre gostou de musica e ainda gosta, aprendi a gostar muito de Beatles por causa dele, aprendi a gostar de musica por causa dele. Hoje ouço Octopus's Garden, canto e recordo que essa canção cantavamos juntos e a sabiamos de cor, ele me dizia: Gosto muito dessa musica – sorria pra mim. E hoje respondo: Também Pai, essa é a minha musica preferida.
A foto acima é da polêmica capa do disco Abbey Road de 1969.
A.A.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Margaridas como eu

Adoro margaridas...

Parecem comigo, todas meio bagunçadas.

terça-feira, 18 de março de 2008

Desta forma.

Vicent Van Gogh_Campo de trigo verde
O espaço e o tempo, unidos ou soldados,
Por coisas que nem o pensamento pode mensurar
Existe um elo que faz ambas as coisas fundirem-se
Então nem espaço e nem o tempo é capaz configurar
E não pertence nem a mim e nem a você contar os segundos,
Mistificar as cores, matizes, pois o que torna tudo tão belo.
É o não saber do amanhã, e ter a esperança permanente.
De que sempre poderei transforma em um o que divide em mim.
A.A.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Girl

The Beatles
Composição: Indisponível

Is there anybody going to listen to my story

All about the girl who came to stay?

She´s the kind of girl you want so muchIt makes you sorry

Still you don´t regret a single day

Ah girl! girl! girl!


When i think of all the timesI´ve tried so hard to leave her

She will turn to me and start to cry

And she promises the earth to me

And i believe her

After all this time i don´t know why


Ah girl! girl! girl!


She´s the kind of girl who puts you down

When friends are there

You feel a fool


When you say she´s looking good

She acts as if it´s understood

She´s cool oh! oh! oh!


Girl! girl! girl!


Was she told when she was young

That pain would lead to pleasure?

Did she understand it when they said

That a man must break his back

To earn his day of leisure?

Will she still believe it when he´s dead?


Oh girl! girl! girl!

quarta-feira, 12 de março de 2008

Ato I – O Lobo Negro.

Era 19h16min no meu relógio, mas ele é 15 minutos adiantado então suponho que era 19h01min. Ontem há essa hora eu deveria estar lá na redação, na frente do meu computador ligando feito um louco atrás daquele desgraçado, pra conseguir o furo da minha vida. Mas não estava, pois ele não atendia, nem ele e nem meu outro informante, isso seria até normal se o outro não estivesse numa foto na página policial do meu jornal, morto, a matéria dizia: “Mendigo encontrado morto no banheiro da estação de metrô” e segundo a polícia foi um suicídio. Não duvido disso, o cara era meio pinéu, falava de conspirações internacionais, me passou um pen-drive com informações desconexas e acredito que aquela porcaria toda está em códigos, cujo meu informante principal sabe decifrar, mas ele é um rato! Nunca o vi diretamente apenas uma visão em uma distância considerável e em lugares públicos. As informações eram passadas por envelopes que a cada encontro mudavam de cor, como se avançasse um estágio. O primeiro envelope era preto e foi me dado em uma lanchonete no shopping da cidade Ele era de estatura media vestia uma roupa preta com capuz, para que eu não pudesse ver seu rosto e nas mãos usava luvas, ali não chamava muita atenção porque ao seu redor tinha um monte de adolescentes afetados vestidos de forma tão estranha quanto ele, sentei numa mesa bem de frente, ele levantou e entregou o envelope junto com um bilhete: “Não olhe para trás!”. Se isso era um joguinho, por que não jogar? Pensei isso naquela época, antes do “Doutor” como auto denominava-se ser encontrado com os pulsos cotados no banheiro de uma estação de metrô.
E foi por um envelope laranja que conheci o Doutor, na estação nº. 34. Um homem baixinho, um pouco gordo, na faixa dos 40 anos, meio careca e com um cacoete esquisito, ficava tremendo a cabeça de minuto em minuto, o que me irritava bastante. Ele me reconheceu assim que desci do metrô, pegou-me pelo braço e foi logo dizendo que tudo aquilo era maior que um bombardeio aos Estados Unidos, que o mundo iria conhecer os verdadeiros monstros. Eu achava aquilo tudo muito cômico pra dizer a verdade, embarquei nessa porque ao investigar encontrei realmente algumas empresas fantasmas e também com a ajuda de uma ex umas contas estranha de envio de dinheiro pra essas empresas pelo governo central, mas aquele cara não passava nenhuma credibilidade até então de suas informações. Isso era o que achava até ele me dar senhas do sistema de segurança do governo, até ele dar nomes de pessoa importantes envolvidas.
Verdade essa seria uma matéria gigantesca, megalomaníaca pode-se dizer, porém o baixinho morreu e isso me deixou preocupado, na verdade apavorado. Queimei todos as papeis que ele me deu, e rezo pra que nenhuma daquelas pessoas no metrô falem, comentem ou se quer lembrem de mim. Por isso sai do jornal antes do meu horário, meu chefe ta me pressionando e eu não sabia o que dizer mais, minha cota de desculpas havia acabado e queria desistir disso tudo antes que uma merda maior acontecesse. Ponto. Naquela altura já tinha bebido o terceiro copo de chop em plena quarta-feira.
Pensava nisso tudo, os carros naquele vai e vem e eu lá ferrado. Poderia ter escolhido ser medico, brincava tanto disso quando era menino, mas não queria ser como o meu pai, ou melhor, supera-lo, ele com aquela arrogância de senhor verdade e grande jornalista de todos os tempos, ainda hoje têm uns otários na redação que sacaneiam com o meu nome, Junior, minha mãe, aquela mulher maravilhosa amava tanto aquele cretino que colocou o mesmo nome no filho. Lógico que essas afetações minhas um bom psicólogo explicaria, e encheria os seus bolsinhos com o meu dinheiro suado, no entanto não tenho tempo pra isso, e acho que vou morrer com essas neuroses misturadas com outras da vida moderna e blá-blá-blá.
E pra afogar minhas frustrações fui no bar de sempre , geralmente vou nas quinta e sextas, só que abri uma exceção ontem. O pessoal da literatura pintura e outras coisas circulam por lá também, claro todos com suas opiniões exemplarmente importantes, uma vez um amigo meu muito bêbado gritou bem alto: “Seus intelectuais de merda, bando de bunda-mole...”, foi pro meio da rua em frente ao bar arriou as calças e mostrou a bunda pra quem quisesse ver, bom os escritores, poetas, pintores, músicos acharam graça e nem se incomodaram com o protesto inflamado do meu amigo. Quer dizer, entenderam o que ele quis dizer e que tinha razão de estar puto com os pensadores daquela sociedade, mas a carapuça serviu e combinou com o que vestiam, sendo assim tudo bem. O que quero dizer e que sempre vejo ali as mesmas pessoas, o mesmo movimento: garotas novinhas que querem transar com carinhas de banda, ou com carinhas que escrevem – admito que já comi algumas delas – poetas velhos que vem aqui pra beber sua cerveja e catar essas gurias, bêbados, drogados, todos cultos, cheios das mais belas palavras. Saco! Já era meu sexto chopp, queria ficar porre.
Nada de novo até que. No cantinho do bar vi aqueles olhos castanhos, na direção dos meus, reparei que na mesa dela não tinha nada só um copo de água. Uma moça magrinha, de cabelo curto e muito desgrenhado. Levantei e fui em sua direção. Quando cheguei perto antes de perguntar ela soltou um: “Pode sentar”. Eu estava maluco, lascado e paquerando num bar! È, sou maluco, contudo ela era diferente, pelo menos não estava rindo feito uma idiota e fingindo entender o que os pseudo intelectuais diziam, ela só estava lá sentada e deu-me um arrepio ao pensar que estava a me observar.
- Como você se chama?
- Não tenho nome...
Foi o que ela me respondeu, fiz minha cara de incrédulo sorri, mas ela permaneceu séria.
- Como assim você não tem nome?
- Simples, não tenho um nome comum...
- Hum... Mas então você tem um nome diferente. – “Claro seu idiota!” pensei.
- Me chamo Lobo...
Não agüentei, soltei uma gargalhada e bem alta.
- Lobo! Quem colocou esse nome em você?
Ela muito seria e com o olhar fixo no meu respondeu:
- Eu mesma...
Pronto assim começou aquela noite, quando ela disse essas palavras, sua mão começava a passear pela minha coxa por cima do jeans, respirei fundo. Seria uma loucura completa, foi uma loucura completa! Eu não resistia aquele olhar, e suas mão por baixo da mesa ia e volta na minha coxa, e isso me deixou muito excitado, tanto que não me controlei e perguntei.
- Lobo... Quer ir a um lugar comigo?
- Vou pra qualquer lugar com você...
Caraka! Loucura! Fiquei doido, levantei-me e ela me seguiu, pegamos um táxi na esquina indo em direção a meu apartamento, no caminho nos beijávamos e minhas mãos tocavam seus seios, pernas, barriga, não nessa ordem, portanto como vulgarmente fala-se, estava em ponto de bala. Chegando ao prédio pegamos o elevador e com a mesma empolgação do táxi passamos andar por andar até chegar ao oitavo. E lá no meu apartamento, o número 813, intensifiquei mais minhas caricias e beijos, uma reciprocidade gostosa mantinha-se entre nos, levei ela até meu quarto e quando minhas mãos descobriam aquele corpo, percebo no seu braço direito uma tatuagem, fixei meu olhar, pois queria entender o desenho, era a face de um cão, ou melhor, um lobo negro, de olhos amarelos. Aquela tatuagem prendeu minha atenção e sentidos, a situação começou a fugir de controle. Não conseguia desvencilhar-me daquela figura, apertei o braço, percebi sua pele pálida seu corpo aparentemente frágil e magricelo e ao contrário da minha observação, a excitação ia embora. Lobo percebeu isso e com suas mãos levou meu rosto ao encontro do seu e disse sussurrando: “Este é o Lobo Negro... Essa sou eu...”.
Minha alma começou a queimar novamente, sentia o fogo no peito e em cada centímetro do meu corpo. Beijou-me com uma vontade avassaladora e fez com que os resquícios de resistência sumissem por completo, sentia o calor da sua pela junto a minha. Com a permissão dela invadi-a e em muitos momentos nossos olhares encontravam-se, nesses momentos o tempo e as minhas preocupações sumiam, era somente eu, ela e o ritmo do nosso gozo. Foi assim durante algumas horas até eu me render ao cansaço e desmaiar de sono.
Isso tudo aconteceu ontem. Hoje acordei pela manhã e nenhum sinal de Lobo, como se nunca estivesse estado aqui no meu quarto, um sonho. São 08h04min e preciso ir ao trabalho, a garota foi embora, aproveitou meu sono pesado e evaporou, e nunca mais vou vê-la. Será? Sim vou vê-la, porque quando entro no banheiro encontro escrito no espelho com pincel preto: “Lobo, 21h30min no mesmo lugar”. Se vou morrer hoje nesse horário? Não sei. Se vou pra cama com ela de novo? Não sei. Tudo depende muito, estou curioso e sinto que esse é mais um jogo, o qual preciso jogar. Se for perder ou não, quem sabe? Eu vou pagar pra ver.
A.A.
Ps: esse não é o conto.

sábado, 8 de março de 2008

Noite

Gosto da noite, por mais que não a aproveite devidamente e antes de chegar em casa no trajeto, dou passos bem lentos. Costumo cantar nesse poucos minutos que antecedem a minha casa, canto de tudo, até umas músicas que ouvia quando era pequena na companhia do meu pai. Às vezes paro um pouco e olho pra lua, ela sempre está ali de frente pra mim, acompanhando toda a minha caminhada, uma amiga que muda a seu formato, mas sempre estará lá. A chuva também tem tido uma presença encantadora, parecem estrelas caindo quando as olho a favor da luz noturna, lembram-me momentos.
Preciso terminar um pequeno conto e posta-lo, porém não consigo dar um desfecho decente, acho que vou caminhar mais pela noite, outra fonte de inspiração...

terça-feira, 4 de março de 2008

O ritmo...


Qual é o meu ritmo?
Aonde vai a minha calma?
Por quantas estradas mais vou caminhar
Até chegar...

Em que lugar perdi a coragem,
Nas esquinas, onde vi olhares,
Ouvi vozes, abandonei minha alma.
Sozinha...

Não sei por que chove as lágrimas
Não entendo aonde vai à calma
A paciência cobrou caro
O único bem que tinha...

Deixei de mim e não voltei mais
As pergunta que me faz
Delas, resposta, não sei mais
O porquê...
A.A.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Anyone Else But You


Your part time lover and a full time friend,
The monkey on the back is the latest trend,
Don't see what anyone can see,
In anyone else,
But you
Here is a church and here is a steeple,
We sure are cute for two ugly people,
Don't see what anyone can see,
In anyone else,
But you

We both have shiny happy fits of rage,
I want more fans, you want more stage,
Don't see what anyone can see,
In anyone else,
But you

I'm always tryin to keep it real,
Now i'm in love with how you feel,
I don't see what anyone can see,
In anyone else,
But you

kiss you on the brain in the shadow of the train,
I kiss you all starry eyed,
My body swings from side to side,
I don't see what anyone can see,
In anyone else,
But you

The pebbles forgive me,
The trees forgive me,
So why can't,You forgive me?
I don't see what anyone can see,
In anyone else,
But you
Du du du du du du dudu
Du du du du du du dudu
I don't see what anyone can see,
In anyone else,
But you.

domingo, 2 de março de 2008

Sábado, saudades...

Também me sinto pesada agora. Perdoa-me Coração