sábado, 19 de janeiro de 2008




Quando lembro desta época do ano, em anos passados, percebo que nunca vi tantas chuvas, tantas nuvens carregadas sobre a cidade, céus avermelhados a noite e nem tantos ventos vindos de não sei onde. Sei também que sou jovem de mais e não perguntei ainda a ninguém bem mais velho se tem a mesma impressão que eu de que estes últimos dias, meses, o céu tem chorado deveras e com intensidades diferentes, oras raivoso, oras um choro como aqueles quando se escuta uma música triste. Parece também que isto reflete nas pessoas e ando por aí observando (aprendendo) os olhares, o estado de espírito, os olhos são sempre melancólicos, saudosos de algo. A temperatura caí e junto a ela o ânimo e rostos sérios surgem meio à vida, feições introspectivas. O frio provoca isso? Talvez sim, e da mesma forma afeta o ambiente, a cidade admite uma nova feição e cores diferentes aparecem ao contrário dos tons sempre tão vivos, as cores se apagam um pouco e dão lugar a tons opacos, sóbrios.
Sobriedade nesses tempos de chuva, tristezas nesses tempos de chuva, perdas irreparáveis nesses tempos de chuva, lágrimas nesses tempos de chuva. Não irei esquecer esses tempos, marcados com amor, dor, saudade e responsabilidade, homens tornam-se meninos e mulheres em castelos, onde a chuva acalenta e faz adormecer, e às vezes lava os pecados mais sujos da alma.

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